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Nos tempos de 'Crepúsculo', tem vampiro que até bebe sangue

26 out 2009 - 09h25
(atualizado às 10h14)
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Enquanto Hollywood buscava uma maneira de tirar "sangue" de pedra da série insossa Crepúsculo, inspirada nos romances de Stephanie Meyer, o diretor sueco Tomas Alfredson entregava seu trabalho mais emblemático: Deixa Ela Entrar, uma bela fábula vampirística que, infelizmente, ficou à sombra da saga feita para adolescentes dessa geração melodramática.

O filme fez uma rápida passagem pela Mostra de São Paulo no ano passado e, devido à alta procura de ingressos nas poucas semanas em que ficou em cartaz no País, a organização do evento o escolheu para também fazer parte da edição deste ano. Engana-se, porém, quem pensa que esta produção sueca pode, pelo menos por poucos instantes, saciar a vontade de quem espera enlouquecido por Lua Nova, que dá sequência a Crepúsculo.

Usando uma paisagem gélida e deprimida, Alfredson nos apresenta Oskar (Käre Hedebrant), menino de 12 anos que vive sendo espancado pelos colegas de sala. Quando Oskar está sozinho em casa, treina a sua vingança fincando facas afiadas em árvores, como se ali escorresse o sangue de seus inimigos. É num desses treinos que ele conhece Eli (Lina Leandersson), uma garota que acabou de se mudar para a vizinhança e, como ele, não está afim de muitos amigos. Mas os dois percebem que entre eles existe uma semelhança maior do que a indiferença menino-menina típica da idade. Cobertos de neve, eles acabam se conhecendo a fundo.

A relação entre os dois vai crescendo. Oskar não percebe que seus problemas não estão nem perto daqueles que Eli enfrenta. Ela é uma vampira, que precisa de sangue para se alimentar. Isso não faz dela má, mas a coloca numa posição de culpa. Num primeiro momento, quando está faminta, Eli é mau humorada e frágil. Essa personalidade dá espaço a um monstro agressivo, que não tem pena de matar qualquer pessoa que atravesse seu caminho, desde que ela esteja com fome. Esse desejo, porém, não tem efeito com Oskar, por quem ela verdadeiramente se apaixona. Mas, ao contrário dos vampiros pálidos, virginais e vegetarianos de Crepúsculo, ela não está disposta a mudar por ele. E Oskar, nas condições que está, nem pede que ela o faça. A relação entre os dois fica clara: Eli se apaixona verdadeiramente pelo menino que não teve medo de seus instintos animais e estranheza. Oskar retribui os sentimentos porque ela, mais que seus familiares, foi a primeira que lhe deu real atenção.

Assim, Alfredson cria uma história de amor sem os recursos piegas que consagraram os filmes de vampiros. É preciso louvar também todo o apuro estético do diretor, que usa os brancos cenários do inverno sueco para inventar um suspense que não está apoiado em imagens de violência extrema, e, justamente por isso, mete medo.

Numa metáfora muito mais bem-sucedida do que a conseguida em Crepúsculo, Deixa Ela Entrar não deixa de ser um romance adolescente, com uma dose de drama tão sutil que leva o filme para longe de se transformar em uma piada de mau gosto. Isso até sair o remake 'Hollywoodiano', previsto para 2011.

Romance entre Eli e Oskar é tema central de 'Deixa Ela Entrar'
Romance entre Eli e Oskar é tema central de 'Deixa Ela Entrar'
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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