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'Aconteceu em Woodstock' tenta recuperar importância do festival

26 out 2009 - 11h56
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Na década de 1960, os Estados Unidos viviam as dores do confronto com o Vietnã e ainda à sombra da 2ª Guerra Mundial. Eis que em 1969, um festival surgiu para mudar os conceitos de uma sociedade super conservadora. No seu lema contra o preconceito, Woodstock reuniu meio milhão de hippies, dentre eles outras minorias como negros, homossexuais e judeus. Em Aconteceu em Woodstock, o diretor Ang Lee busca recriar os momentos que antecederam esse ponto marcante na história do País. Mas com dezenas de documentários, livros, fotos e vídeos sobre o homônimo festival, ficaria difícil fazer um filme em que a mítica do evento não seria, mais uma vez, estereotipada. Para não cair na armadilha, Lee fez a escolha mais fácil e nem por isso tão óbvia: colocar a responsabilidade em cima de um único personagem.

» Assista ao trailer

Em cartaz na Mostra Internacional de São Paulo, Aconteceu em Woodstock conta a história de Elliot Tiber (Demetri Martin), que em 1969 intermediou as negociações para sediar o festival nos arredores da pequena cidade de White Lake, no interior de Nova York. O filme é fielmente baseado no livro de mesmo nome, onde o próprio Elliot narra as dificuldades e o preconceito que enfrentou para receber o público de Woodstock.

Elliot era presidente da câmera de comércio da cidade e anualmente organizava um festival de música local. Isso até ele descobrir que a cidade vizinha, Catskills, abrigaria um evento de grande porte, com a presença de cantores importantíssimos, como Janis Joplin e Jimi Hendrix. Quando Catskills resolve expulsar os hippies do lugar, Elliot vê um terreno fértil para abrigar Woodstock em White Lake. Mas convencer os vizinhos não seria fácil. Assim, o menino usa uma autorização que tinha conseguido para um projeto anterior e resolve usá-la como permissão para abrigar a festa. A bola de neve vai se formando e o público estimado de cinco mil pessoas, logo se torna 100 mil e, em seguida, meio milhão.

A princípio, nem Elliot acredita na confusão em que se meteu. Mas um belo incentivo financeiro o convence de que ele estava certo. Assim, o hotel de sua mãe e pai, refugiados russos da 2ª Guerra Mundial, passa a ser sede dos organizadores. Aos poucos, os quartos, campos e estacionamento do estabelecimento vão se enchendo de pessoas. A piscina, antes uma tentativa de entreter os poucos hóspedes, torna-se fonte de água potável.

Mas enquanto, na linha paralela, é traçada a história do festival, de um outro lado, numa sugestiva divisão de telas que permeia toda a produção, Elliot tenta resolver seus conflitos: a relação de amor e ódio com os pais ausentes, a homossexualidade reprimida e a frustração de não ter conseguido êxito financeiro durante uma temporada em Nova York.

E é nessa tentativa de forçar a importância de Elliot para o evento que o filme se perde. Enquanto Ang Lee reproduz, de forma incrível, o clima de Woodstock, Elliot e suas amarguras vão compondo uma trama arrastada, que parece estar à beira do final sempre que ele se resolve de alguma forma.

E ainda que os arcos de história de Elliot, seu pai, Jake (Henry Goodman), e a mãe, Sonia (Imelda Staunton, ótima no papel), se concluam, à sua forma, a presença de outros personagens importantes para a trama não parecem se justificar. Falta profundidade, por exemplo, aos papeis da travesti Wilma (Liev Schreiber), que protege os hippies dos vigaristas da região, e Billy (Emile Hirsch), ex-soldado do Vietnã.

Apesar das falhas, Lee trabalha com questões importantes, como a mudança comportamental da época. Logo, fica fácil entender porque ele não usou nenhum vídeo que mostrasse os concertos históricos que se fizeram naquele palco: tiraria o real foco do roteiro.

No saldo final, Aconteceu em Woodstock faz você ter vontade de ter sido um hippie nos anos 1960. Creio que isso seja um aspecto positivo.

Cena do filme
Cena do filme
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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