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Adaptação de quadrinhos “Guardiões da Galáxia” é comédia com ambição cult

30 jul 2014 - 16h32
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“Guardiões da Galáxia” é bem diferente de tudo que se viu nos últimos anos em termos de filmes de heróis baseados em quadrinhos. Ao mesmo tempo, ainda assim, não deixa de ser familiar. É aí que está a maior graça dessa comédia de ação e viagem espacial: não se levar a sério.

Ator Chris Pratt e a mulher, a atriz Anna Faris, na première de "Guardiões da Galáxia" em Hollywood. 21/07/2014
Ator Chris Pratt e a mulher, a atriz Anna Faris, na première de "Guardiões da Galáxia" em Hollywood. 21/07/2014
Foto: Mario Anzuoni / Reuters

Protagonizado por humanos, mutantes e extraterrestres, o filme dirigido por James Gunn (“Seres Rastejantes”) tem vocação cult e desponta com potencial de blockbuster -– já com uma sequência garantida. O longa estreia em cópias 4D, 3D, IMAX e convencional, em versões legendadas e dubladas.

Desde suas primeiras aparições no final da década de 1960, nos quadrinhos da Marvel, os Guardiões já passaram por várias transformações e composições diferentes, mantendo sempre a ideia central de seus criadores, Arnold Drake e Gene Colan: um bando de renegados viajando pelo espaço e defendendo a galáxia.

O roteiro, assinado pelo diretor e a estreante Nicole Perlman, traz mais material do reboot da série de 2008, de Dan Abnett e Andy Lanning. E como a série não é tão famosa como as de outros personagens, os roteiristas puderam reinventar, deixando de lado alguns detalhes do original.

Ao centro, está o único humano da trupe, Peter Quill, que se autodenomina Senhor das Estrelas. Interpretado por Chris Pratt (da série “Parks and Recreation”), ele é uma espécie de aventureiro mercenário galáctico, que vagueia pelo espaço em busca de relíquias que possa roubar e vender.

O ponto de partida é o roubo de uma esfera poderosa, disputada por Ronan (Lee Pace) –- o objeto é o que o bom e velho cineasta Alfred Hitchcock chamaria de “MacGuffin”, ou seja, uma desculpa para dar o pontapé inicial à ação.

A cena acontece ao som de “Come and Get Your Love”, da banda Redbone, que junto com outros clássicos dos anos 70 (Elvis Bishop, David Bowie, 10cc, The Jackson 5, Rupert Holmes) está numa fita cassete chamada Awesome Mix Tape 1, que a mãe de Quill lhe deixou antes de morrer, no prólogo do filme.

Não por acaso, um obsoleto walkman é o bem mais precioso do rapaz, mais até do que a rentável esfera, cujos poderes, ainda desconhecidos, são cobiçados pelos poderosos do universo.

Se, por um lado, “Os Vingadores” são as estrelas da Marvel no cinema, com seus uniformes alinhados, seus poderes e parafernálias, os Guardiões são os estranhos que nunca conseguiram muito destaque -- por isso, não têm uma reputação para manter e assim divertem-se muito mais.

Para proteger a sua vida e o universo, Quill se une à alienígena Gamora (Zoe Saldana, “Avatar”), o fortão Drax (o ex-lutador Dave Bautista), Rocky Racum, um guaxinim geneticamente modificado e ciberneticamente aprimorado (dublado por Bradley Cooper) e Groot, uma espécie de árvore ambulante, capaz de se regenerar (dublado por Vin Diesel).

O excesso de personagens –-quem é extraterrestre? quem é mutante? e vilão?-– às vezes atrapalha, mas Gunn sabe como lidar ao manter a ação sempre girando em torno da relíquia misteriosa.

Algumas participações parecem apenas uma introdução para as próximas sequências: como Glenn Close, uma conselheira da paz, ou coisa parecida, e Benicio Del Toro, chamado aqui de Colecionador, que mais parece um Liberace do espaço.

Nenhum dos coadjuvantes, no entanto, é uma ameaça concreta ao quinteto de protagonistas.

Pratt se estabelece como herói, mas, num contexto bastante diferente do herói clássico, seu humor é genuíno. O ar de bad boy (um garoto humano raptado por uma nave após a morte da mãe) cabe ao personagem. A dupla Rocky e Groot forma uma parceria inseparável, e Cooper está muito bem como dublador do roedor.

Ajuda muito também o fato das duas figuras computadorizadas beirarem a perfeição e estarem bem inseridas na trama, assim como o dilema do guaxinim, que, em certos momentos, parece esquecer que não é humano.

“Guardiões da Galáxia” pode, ser no fundo, apenas uma fantasia de Quill, que tenta superar a perda da mãe. Mas, aos poucos, transforma-se numa ópera cômica espacial que nunca se leva a sério e até faz um comentário pertinente sobre a convivência harmônica entre seres de diversas origens.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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