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"Assistir a um filme é um transe hipnótico", diz Danny Boyle

3 mai 2013 - 15h10
(atualizado às 21h50)
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Diretor Danny Boyle nunca havia feito filme com mulher de protagonista
Diretor Danny Boyle nunca havia feito filme com mulher de protagonista
Foto: Getty Images

Intensidade pode ser uma das palavras para definir o cineasta britânico Danny Boyle: tanto nas histórias que escolhe para filmar quanto no jeito de ser. Mesmo em um dia com filas de jornalistas do mundo inteiro cheios de perguntas, recebe o último como se fosse o primeiro, com o mesmo entusiasmo, atenção e detalhes. O diretor de filmes que já nos hipnotizaram no cinema como Trainspotting – Sem Limites (1996), Quem Quer Ser Um Milionário (2008) e 127 horas (2010), agora volta ao telão com Em Transe, que estreia nesta sexta-feira (3), no Brasil.

Na trama, o leiloeiro Simon (James McAvoy, de X-Men – Primeira Classe, de 2011) se envolve com uma quadrilha para ajudar a roubar uma obra de arte milionária. Franck (Vincent Cassel – Cisne Negro, 2010) está na liderança do assalto, mas logo depois do crime Simon tem uma amnésia e esquece onde colocou o quadro. Então toma a cena a terapeuta Elizabeth (Rosario Dawson, Sin City – A Cidade do Pecado, de 2005) que vai tentar entrar na mente dele e por meio de hipnose fazer com que recupere a memória. Tudo isso se torna uma teia de violência e torturas, triângulo amoroso, com doses de sensualidade, reviravoltas, suspense e enigmas, regados com cores vibrantes e com uma trilha sonora frenética, assinada por Rick Smith (Vanilla Sky, de 2001, e Trainspotting – Sem Limites)

Danny Boyle recebeu o Terra, em Los Angeles, para uma conversa sobre o filme, seus projetos, as Olimpíadas do Rio e a arte de hipnotizar pessoas, que segundo ele mesmo, faz parte da sétima arte.

Terra - O que o atraiu para essa história?

Danny Boyle - Algumas coisas, na verdade. Eu nunca tinha feito um filme com uma mulher no centro absoluto. Claro que já fiz vários com ótimas atrizes atuando, mas nunca tendo uma num papel tão central e importante. É interessante porque há outros elementos envolvidos nessa história, e depois dos vinte primeiros minutos do filme a personagem de Rosario começa a se tornar mais e mais fundamental no desenrolar do enredo. Outra coisa, a ideia de hipnose em um filme me pareceu muito apropriada, acho que deveria ter mais filmes sobre o assunto,

Terra - Por quê?

Boyle - Porque assistir a um filme é hipnótico, um transe hipnótico. Você se engana, ilude você mesmo, e essa ilusão é real, você chora, ri, viaja nessa jornada com essas pessoas em universos escuros, com imagens estranhas e isso é hipnose. Esse filme é uma série de transes. Rosario leva o personagem de James McAvoy mais e mais profundamente para um transe, onde as paisagens se tornam tão reais quanto a realidade e a percepção de ilusão e realidade se misturam. Eu, particularmente, acho que os filmes são um perfeito lugar para fazer isso.

Terra - Você já tentou fazer hipnose, ser hipnotizado?

Boyle - Não, diretores são muito controladores, nós temos que ter o controle de tudo, sempre. Não estaria apto a fazer isso nunca. Mas alguns atores fizeram e nós realizamos muitas pesquisas ao redor do tema e tivemos descobertas maravilhosa, essenciais, que ajudaram bastante a gente a contar essa história.

Terra - Quais descobertas foram estas?

Boyle - Descobrimos, por exemplo, que apenas de 5 a 10% das pessoas estão aptas à terapia, que significa que querem ser hipnotizadas, querem mudar, querem entrar nessa jornada maravilhosa. E ela dá a oportunidade para essas pessoas entrarem em um lugar desconhecido.

Terra - Você mesmo diz que o Em Transe é um filme noir moderno. Como você tentou recriar ou mesmo inovar o estilo noir?

Boyle - Nós queríamos usar alguns elementos do noir como: ser um thriller policial, o que é importante para ser um noir e Rosario Dawson no meio do filme se transforma uma femme fatale. São alguns elementos que ela usa, como sua sexualidade, sua beleza para enfeitiçar os homens e realmente manipulá-los da maneira que ela quer que eles entrem na história. Mas o que é mais interessante para mim é que a história dela não é apenas uma atitude cínica e fria de manipulação. Há um dano real e emoção nessa história, além de razões para ela se comportar assim.

Terra - Como você escolhe uma história para transformar em um filme?

Boyle - Acho que eu apenas respondo aos instintos. Você não tem que pensar muito sobre isso, nessa de ficar pensando e repensando se alguém vai gostar ou não. Acho que tem que ser a impressão que você tem e os sentimentos que ela desperta em você. Aí eu penso que se você colocar paixão nisso e sua vontade de fazê-la, acredito que aí sim vai ser algo que as pessoas vão querer compartilhar e assistir.

Você produziu a abertura das Olimpíadas de Londres, no ano passado e daqui três anos será a nossa vez de sediá-las, no Brasil, em 2016. O que você espera da nossa cerimônia de abertura?

Boyle - Eu acredito muito que vocês farão um maravilhoso trabalho. O Rio tem uma grande personalidade, e eu acho que se vocês mostrarem essa personalidade, não tem erro e será lindo.

Terra - 2016 também deve ser um grande ano para você e para quem aguarda por uma segunda parte de um dos seus clássicos. O que podemos esperar de Trainspotting 2?

Boyle - Sim, esperamos estar com o filme pronto no aniversário de 20 anos do primeiro, que  comemoramos em 2016 e nossa ideia é termos os mesmos personagens e atores, agora 20 anos mais velhos. É sobre essa passagem de tempo, o que mudou, como a vida passou para eles, se eles se casaram, se se apaixonaram, se tiveram filhos, na verdade é a nossa história, o que acontece em 20 anos, o que podemos ou não fazer em 20 duas décadas.

Assista ao trailer do filme 'Em Transe':

Fonte: Terra
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