58º Festival de Berlim

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58º Festival de Berlim

Sábado, 16 de fevereiro de 2008, 19h51 Atualizada às 20h23

Padilha diz que prêmio é vitória para diretores "comprometidos"

O diretor José Padilha afirmou esta noite que o Urso de Ouro do Festival de Berlim concedido a Tropa de Elite é uma "vitória" para todos os diretores "comprometidos" do País.

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Ele afirmou que "não podia estar mais feliz" pelo sucesso de público e de crítica alcançado pelo filme.

Na entrevista coletiva após a entrega dos prêmios, Padilha destacou que filmes como Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, criaram "uma nova escola de cinema" no Brasil, mas destacou que o cinema nacional não faz "apenas filmes sobre favelas ou sobre violência".

Padilha afirmou que está "absolutamente" feliz com o prêmio entregue a Tropa de Elite, que foi visto por milhões de brasileiros antes mesmo de chegar aos cinemas, devido à pirataria.

Ele se definiu como "diretor de filmes documentários", que fez agora seu primeiro longa-metragem de ficção, mas acrescentou que mantém sua "visão de documentalista", por isso decidiu retratar "uma triste realidade", a da violência e da corrupção da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que, "infelizmente, continua".

Ao receber o prêmio, o produtor Marcos Prado afirmou que Tropa de Elite é o filme "mais corajoso do planeta" e que, com ele, pretendem "mudar" a espiral de violência e corrupção da Polícia do Rio.

Padilha explicou no dia 12 que as mais de 11 milhões de pessoas que assistiram a uma cópia pirata do longa antes da estréia oficial nos cinemas fizeram isso "por vingança contra a Polícia".

"Existe um grande ressentimento no Brasil em relação à Polícia, que extorque, tortura, aceita suborno e mata com impunidade", disse.

O cineasta se mostrou então surpreso com o fenômeno que o filme se tornou no Brasil e brincou, dizendo que "se você quer que alguém fique com muita vontade de ver alguma coisa, basta proibi-la".

Padilha se defendeu das pessoas que o acusam de justificar a brutalidade dos comandos especiais ao buscar a identificação do espectador com essas tropas e afirmou que sua corrupção "não é econômica, mas afeta os valores humanos mais elementares".

Ele destacou que a novidade do filme não está somente na retratação dos policiais, mas sim na "demonstração de que não é uma guerra exclusiva" entre agentes e traficantes de drogas.

"Mostra também parte da culpa das classes média e alta, que consomem maconha e cocaína, financiando assim a guerra, mas que contam com dinheiro suficiente para subornar quem quer que seja para não serem presos", afirmou.

EFE

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