61º Festival de Cannes

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Domingo, 18 de maio de 2008, 21h08 Atualizada às 22h33

Rodrigo Santoro fala sobre o sucesso com dois filmes

Carlos Helí de Almeida

Presente no Festival de Cannes com dois filmes em competição, Rodrigo Santoro, 32 anos, conta como se preparou para viver Raúl, irmão de Fidel Castro, em filme sobre a vida de Che Guevara.

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Rodrigo Santoro já leu muitos comentários maldosos sobre a relevância dos papéis que interpreta no cinema estrangeiro. Mas nada é capaz de lhe tirar a satisfação de tê-los no currículo.

"O nível de entrega ao personagem é o mesmo, tendo ou não mais tempo para construí-lo", garante o ator ao JB, em uma tenda transformada em club privê improvisado, montada à beira do Mediterrâneo.

O assunto voltou à baila esta semana depois da exibição de Leonera, do argentino Pablo Trapero, um dos candidatos à Palma de Ouro do Festival de Cannes, no qual o somatório da contribuição do ator não chega a 10 minutos na tela. E pode retornar na quarta, quando Che, combinação de dois longas sobre a vida de Ernesto Guevara, estrear na competição.

No filme dirigido por Steven Soderbergh (Onze homens e um segredo), Santoro interpreta Raúl Castro, irmão de Fidel e um dos articuladores da Revolução Cubana (1959). Como, na saga, Guevara (Benício Del Toro) reina absoluto, os demais personagens são apenas coadjuvantes. Che será lançado no circuito comercial dividido em dois filmes, The Argentine e Guerrila.

Inspiração nos diários de Che
"Soderbergh rodou os dois filmes simultaneamente, de forma não cronológica, e depois montou tudo. Muita coisa foi improvisada, o roteiro era reescrito todo dia. Só posso dizer que a participação do Raúl é maior em The Argentine", avisa o ator, que, depois da exibição de Che, volta para Miami, onde está filmando a comédia I love you, Phillip Morris, ao lado de Jim Carrey e Ewan McGregor.

O brasileiro teve notícias sobre o projeto há dois anos, quando foi anunciado que Benício Del Toro, ganhador do Oscar de Ator Coadjuvante por Traffic (2000), de Soderbergh, faria o papel de Che, com o diretor substituindo Mallick.

"A idéia de trabalhar com Del Toro, a quem admiro muito, só aumentou o meu entusiasmo. Mas ninguém da produção voltou a fazer contato. Eu já havia perdido o caminho que o filme tinha tomado" admite o ator, que, nesse meio tempo, já tinha outros trabalhos no Brasil (Não por acaso) e no exterior (o épico 300 e a série Lost).

O ator filmava Cinturão vermelho, drama sobre artes marciais dirigido por David Mamet, quando soube que Soderbergh abrira novos testes de elenco.

Santoro mergulhou num curso de espanhol e mandou para o diretor cópias de Abril despedaçado (2001), Carandiru (2003) e Bicho de Sete Cabeças (2001).

"Em ocasiões como essa, sempre prefiro que vejam meus trabalhos brasileiros", explica o ator, que conseguiu agendar uma reunião com Soderbergh por meio da produtora Laura Bickford, ciente da paixão de Santoro pelo projeto desde o primeiro encontro com Mallick, cinco anos antes.

Numa última cartada, Laura sacou de uma foto de Raúl Castro quando jovem, no início dos anos 50. As semelhanças físicas entre Santoro e o jovem Raúl fizeram efeito na cabeça do diretor.

Confirmado no elenco, Santoro voltou para o Brasil e fez novo intensivo de espanhol. Passou dois meses em Cuba, visitou a casa em que os irmãos Castro nasceram e Sierra Maestra, onde foi gestada a revolução. As pesquisas tiveram apoio do Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos e do Centro Che Guevara.

"Foi uma das mais impressionantes experiências da minha vida. Em Cuba, conheci pessoas generosas e lugares que me ajudaram o entender o ser humano Raúl Castro, não a figura política", distingue o ator.

JB Online

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