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Vaia sonora encerra expectativa pelo terror de Lars Von Trier

17 mai 2009 - 17h23
(atualizado às 17h35)
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Nem foi preciso esperar o final da exibição de Anticristo para apostar na reação da platéia de jornalistas, que se confirmou ao final da projeção neste domingo. Em cenas fundamentais durante o filme, que se pretendiam no mínimo estranhas e em último grau assustadoras, ouviam-se gargalhadas, e não aquelas que se esperam como reação instintiva ao medo que ocorre a muitos espectadores.

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Eram risadas divertidas e não controladas. Mas estamos num filme pretensamente de terror, de um cineasta que já levou a platéia ao transe e a outros tipos de medo em grandes trabalhos como Dançando no Escuro. Finda as palmas poucas e protocolares, não são poucos os comentários aqui que a fita beira o constrangimento.

Trier lançou mão de um material que não lhe é totalmente novo, um drama psicológico entre pessoas que entram num embate pesado até o limite da destruição, só para lembrar a disputa entre os moradores em Dogville e Manderlay.

A questão foi moldar esse material à ingrata fôrma do terror não apelativo. O casal de Anticristo (Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) percorre essa prova de um iniciante no gênero depois que seu bebê morre num prólogo ao mesmo tempo belíssimo e doloroso, em preto-e-branco e ao som de Rinaldo, Lascia ch´io Pianga, de Handel.

Traumatizada, a mãe entra numa espécie de coma emocional e seu marido, de pretensões psiquiátricas tenta ajudá-la numa terapia informal, levando-a para o refúgio da família, uma cabana na floresta, onde a psicose da moça aflora e estranhos acontecimentos têm início. Dividida em capítulos, como é habitual nos filmes do diretor, a história se passa baseada em três princípios, perda (no sentido de luto), dor e desespero.

Nada de sustos vulgares. Os momentos de impacto, se tal expressão pode ser usada aqui, têm relação com a tortura física que outros filmes já avançaram em gênero e grau. Pretensioso, e vítima de sua pretensão, Trier acredita que conversa barata psicológica, cenas delirantes e de mutilação embrulhadas numa embalagem sofisticada fariam o serviço. Ao menos aqui em Cannes, o método não funcionou.

Cineasta dinamarquês Lars Von Trier
Cineasta dinamarquês Lars Von Trier
Foto: Getty Images
Fonte: Especial para Terra
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