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Michael Haneke dirige mais um drama perturbador

21 mai 2009 - 11h08
(atualizado às 11h10)
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Quando se trata do alemão Michael Haneke, os críticos e os espectadores em geral já sabem que devem esperar um drama no mínimo perturbador e soturno. Foi o que se confirmou mais uma vez ao final da exibição de Das Weisse Band, na tradução direta "o laço branco", nesta quarta-feira à noite na competição oficial.

O diretor de Funny Games - Violência Gratuita e Caché se volta para um drama levado no interior da Alemanha dos anos 10, quando em um vilarejo de protestantes alguns acidentes provocados vêm abalar a tranqüilidade local.

Os fatos envolvem o médico do lugar, que sofre uma queda do cavalo, o filho pequeno do barão que domina a região e o seqüestro e tortura de outra criança, esta deficiente mental. Aos poucos, os personagens que se mostram dignos em público, seja na igreja seja nas festas, começam a revelar suas faces problemáticas, destrutivas, ou simplesmente autoritárias, a exemplo do pastor no trato com seus muitos filhos.

Boa parte do elenco e da história se refere a crianças e adolescentes, uma visão da pureza em contraponto com a rudeza do mundo adulto, do qual a tal fita branca, amarrada pelo pastor ao braço de seus filhos para lembrar-lhes de uma punição, é símbolo.

Não se trata aqui de um filme de suspense psicológico nem de mistério para saber quem é o culpado. A ambição de Haneke é mais complexa. Ele apresenta o quadro de degeneração de uma comunidade pautada por regras sociais conservadoras, mas que em seu íntimo não funciona como tal. "Me perguntam se é um microcosmo da Alemanha e eu respondo de que é toda Europa e de todo o mundo", disse o cineasta durante a entrevista com a imprensa.

Pouco afeito a analisar sua obra, Haneke comentou que o seu interesse na história tem a ver com o que sempre o atrai para realizar filmes. "Onde houver uma idéia de absolutismo, de terrorismo, de fascismo, como queiram chamar, me interessa discutir".

Exigente e longo na duração (duas horas e meia), o filme é rodado em preto-e-branco para, segundo ele, simbolizar esses dois mundos em embate e manter um distanciamento dos personagens, especialmente o ótimo elenco infantil, escolhido entre mais de sete mil crianças. Sobre a violência que as envolve especificamente, Haneke disse. "Há violência em todos os meus filmes; no mundo de hoje é difícil evitá-la."

'Das Weisse Band', de Michael Haneke, é todo filmado em preto e branco
'Das Weisse Band', de Michael Haneke, é todo filmado em preto e branco
Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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