Com sessão lotada, 'À Deriva' é bem recebido pela platéia de Cannes
"Boa noite, eu sou Vincent Cassel, ator franco-brasileiro...". Com essa apresentação bem-humorada em português fluente, o intérprete francês abriu nesta quinta-feira à noite a sessão do drama À Deriva, filme de Heitor Dhalia, do qual é um dos protagonistas. Cassel é um apaixonado pelo Brasil e a brincadeira resume seu interesse em participar do projeto do pernambucano (hoje radicado em São Paulo) Dhalia, que integra a competição da paralela Un Certain Regard.
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Pouco antes, no palco, o delegado-geral do festival, Thierry Frémaux, havia feito uma elogiosa apresentação do filme, lembrando que é um exemplo da "vitalidade e originalidade" do cinema brasileiro atual.
Em seguida, chamou parte do elenco principal, formado por Débora Bloch, Cauã Reymond e a estreante Laura Neiva, a quem o diretor dedicou a sessão. A sala Debussy, de quase mil lugares, estava lotada e aplaudiu a fita antes e depois da exibição.
Produção da brasileira O2 com distribuição da Focus Features, braço independente da Universal, o filme é um drama recorrente da separação de um casal, mas visto pelos olhos de sua filha adolescente. Cassel faz o escritor que durante as férias de verão da família em Búzios, nos anos 80, tem um caso com uma americana (Camilla Belle), relação logo flagrada pela filha Filipa (Laura Neiva). Enquanto acompanha em silêncio a traição e as brigas cotidianas entre o pai e a mãe (Débora Bloch), Filipa também tem sua iniciação na sexualidade.
A trama tem origem numa experiência similar do diretor, quando adolescente acompanhou a separação dos pais. O comentário de alguns jornalistas presentes na sessão era relacionado à visão mais madura do diretor em relação aos seus filmes anteriores, Nina e O Cheiro do Ralo, embora tenham feito ressalvas ao roteiro convencional e sem surpresas. Ressaltou-se também a boa fotografia de Ricardo Della Rosa e bom acabamento da produção, que tem, por exemplo, figurinos de Alexandre Herchcovitch e música de Antonio Pinto.
