Produção espanhola que se passa no Japão é vaiada na competição
Map of the Sounds of Tokyo, filme na competição oficial dirigido pela espanhola de origem catalã Isabel Coixet, recebeu a maior vaia registrada nesta edição de Cannes. Pode-se dizer com segurança como a pior manifestação da platéia de jornalistas, já que o concurso com os concorrentes à Palma de Ouro se encerrou na manhã deste sábado com a exibição de Visage (rosto, em francês), do taiuanês Tsai Ming-Liang.
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Curioso que Ming-Liang vai à França para este seu novo filme, mas em vez de trabalhar com clichês de um país desconhecido, numa atitude no mínimo questionável de Coixet, o diretor faz uma bonita homenagem à Nouvelle Vague e alguns de seus representantes, como François Truffaut e os intérpretes Jean-Pierre Léaud e Fanny Ardant, respectivamente o alter-ego e a viúva do diretor francês.
Como aponta o título, a diretora ambienta seu drama em Tóquio, na visão de um estrangeiro, o espanhol David, proprietário de uma loja de vinho (Sergi López). Este acaba de ver um relacionamento acabar de maneira trágica, com o suicídio da namorada japonesa. A família da moça o culpa. O pai não se conforma com a morte e a irmã engendra um plano de vingança aproximando-se de David.
Coixet consuma na tela todos os estereótipos que o Ocidente vê no Japão de forma exótica, o sushi erótico (mulheres nuas cobertas com as iguarias), hotéis de sexo rápido, fetiches...
Na entrevista nesta manhã, a diretora disse que queria mudar o olhar habitual e equivocado que se tem do Japão. Pela reação, conseguiu reafirmá-los.