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Coppola e Terry Gilliam conquistaram atenção em Cannes

24 mai 2009 - 14h04
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Os casos Francis Ford Coppola e Terry Gilliam em Cannes são bons exemplos tanto das novas configurações que o mercado cinematográfico mundial tem tomado nos últimos tempos, como das exigências de um festival da magnitude de Cannes.

O mestre do cinema americano exibiu seu mais novo filme, Tetro, na abertura da Quinzena de Realizadores, uma das seleções paralelas do festival. Seu compatriota Terry Gilliam demonstrou que continua com mão habilidosa para trabalhar com a fantasia do espectador. Seu filme The Imaginarium of Doctor Parnassus integrou o certame principal de Cannes, mas fora da competição. Assim como eles, a competição, este ano recheada de estrelas internacionais da direção e realizadores mais novos ou de expressão autoral, sacrificou outros mestres na disputa pela Palma de Ouro, a exemplo do japonês Hirokazu Kore-eda.

As justificativas estão fora e dentro dos filmes, por assim dizer. Segundo o próprio Coppola, seu filme não teria ficado pronto a tempo de encontrar uma vaga no concurso oficial, motivo que minimizaria um possível embate entre o cineasta e a direção do festival. Coppola ainda teria frisado que não se sentiria a vontade de integrar a competição pelo caráter independente de Tetro, uma produção pequena em suas próprias palavras.

Impasse à parte, a importância de seu nome para o cinema mundial se refletiu nas três sessões lotadas, com filas e disputa por um lugar. Não é nem de longe o melhor filme do cineasta, mas estão ali muitos de seus interesses e temas, na história do caçula Bennie (o estreante em cinema Alden Ehrenreich) de uma família americana que chega a Buenos Aires em busca do irmão mais velho há muito separado do clã (Vincent Gallo). O reencontro não é fácil. O primogênito quer esquecer suas ligações familiares, seu pai de gênio difícil (Klaus Maria Brandauer) e o acidente do carro que ele conduzia e matou a mãe, a ponto de ter mudado seu nome para Tetro.

Não é difícil encontrar no filme os temas preferidos de Coppola, como a relação truncada entre pai e filho e a negação deste último em herdar e dar continuidade à figura de poder paterna (lembre-se aí O Poderoso Chefão), além de um conceito de máfia que gere a família de Tetro.

Para Terry Gilliam, a distância da Palma de Ouro veio na forma de tragédia conhecida por quem acompanha cinema. Seu filme é o último estrelado por Heath Ledger, que morreu durante as filmagens em janeiro de 2008. A solução para não cancelar a produção veio com a ajuda de atores de Hollywood. Johnny Depp, Colin Farrell e Jude Law se ofereceram para interpretar o papel de Ledger, uma espécie de animador e palhaço de uma trupe mambembe, utilizando o recurso da mudança de rosto em vários momentos do filme.

Como temos a típica fantasia de Gilliam, com efeitos de animação ainda mais apurados, o resultado mostra-se coerente e verossímil. Gilliam enfrentou ainda outros contratempos, como a morte de um dos produtores, mas deixou claro que não aceitava falar em filme de maldição. "É um filme de milagre, na verdade, à parte a tragédia com Ledger; o milagre de várias pessoas que vieram colaborar para mantermos sua memória e talento vivos", disse em entrevista.

Cena de 'Tetro', novo filme de Coppola
Cena de 'Tetro', novo filme de Coppola
Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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