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Cannes aguarda anúncio dos vencedores com apostas divididas

24 mai 2009 - 13h24
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Daqui a pouco, às 19h15 no horário local e às 14h15 no Brasil, o festival mais glamuroso do mundo dá início a "palmarés", a distribuição das palmas que são os principais troféus da competição oficial, além claro da célebre Palma de Ouro.

Diferentemente do ano passado, quando Entre os Muros encerrou o concurso quase não deixando dúvidas sobre seu reconhecimento com o prêmio principal, este ano não há um filme de impacto. A não ser talvez pelo lado de escândalo negativo, para a maioria dos jornalistas, que sustenta o filme de Lars Von Trier, Anticristo.

A questão é que há bons filmes, mas nenhum impressionante. No mesmo nível estão Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, À Procura de Eric, do inglês Ken Loach, Un Prophét, do francês Jacques Audiard, Dass Weiss Band ("a fita branca"), do alemão Michael Haneke, Los Abrazos Rotos, de Pedro Almodóvar, The Time That Remains, do palestino Elia Suleiman e Visage, do taiuanês Tsai Ming-Liang. É uma relação que leva em conta a qualidade dos filmes, e não a postura autoral ou comercial.

As apostas começam a ficar mais complicadas quando se pensa qual deve ser a vocação de um festival como esse e, principalmente, a vocação do júri. Aliás, não há jornalista aqui que não cite o nome de madame Huppert quando cita o júri e qual seria o pensamento dessa atriz conhecida pelo gênio difícil e caráter independente em relação a um determinado filme - como se Isabelle, a presidente desse colegiado de estrelas, fosse apenas ela o júri.

Teria ela o ímpeto de provocar um 'succès de scandale'(sucesso de escândalo), como dizem os franceses sobre um fato de escândalo, e premiar Lars Von Trier? Ou, sem nenhum tipo de constrangimento, dar a Palma a Haneke, seu diretor em A Professora de Piano, papel que lhe rendeu o prêmio de interpretação em Cannes? Ou ainda, falaria mais alto a Huppert de preocupação engajada, política, defendendo para o mundo a causa palestina de Suleiman? Difícil imaginar com certeza uma tendência à leveza e ao humor de que são exemplos os filmes de Almodóvar e Loach.

Por enquanto, a única indicação de alguma preferência em Cannes veio do júri da Fipresci, a federação internacional de críticos, que elegeu o drama de Haneke sobre uma comunidade alemã protestante na primeira década do século XX como o melhor da competição oficial. Alguns jornais locais, como o Le Fígaro, são vozes de concordância. Esse diário de tendência mais liberal elegeu como seu preferido o romance de época de Jane Campion, Brigh Star, mas acredita que a Palma vai para Haneke, e que a atriz estreante Katie Jarvis, de Fish Tank, e o veterano francês François Cluzet, protagonista de A l'Origine, seriam os intérpretes premiados.

O Le Monde, mais conservador, coincide na proposta por Haneke, mas insiste na possibilidade do italiano Vincere, um drama real sobre a amante de Benito Mussolini, um tanto quadrado em seu formato de televisão, embora muito bem dirigido por Marco Bellochio. A crítica presente em Cannes prosseguiu na preferência por Un Prophète, drama carcerário cuja força, entre outras qualidades, vem da ótima atuação do jovem ator Tahar Rahim.

Cena do filme 'Bastardos Inglorios', de Tarantino
Cena do filme 'Bastardos Inglorios', de Tarantino
Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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