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"Tudo pode ser salvo pelo sexo", diz diretor em Cannes

16 mai 2013 - 17h17
(atualizado às 17h18)
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Diretor Amat Escalante entre Armando Espitia e Andrea Vergara
Diretor Amat Escalante entre Armando Espitia e Andrea Vergara
Foto: Getty Images

Cenas de sexo deram o que falar nesta quinta-feira (16) no Festival de Cinema de Cannes com dois filmes na disputa pela Palma de Ouro, Heli, do mexicano Amat Escalante, que vê o sexo como única esperança, e Jeune et Jolie, do francês François Ozon, sobre a prostituição de uma parisiense de 17 anos de família abastada.

O filme de Escalante --o único latino-americano que disputa este ano uma Palma de Ouro-- é um retrato do devastador impacto do narcotráfico e da corrupção em uma família da região de Guanajato, centro do México. Talvez seja essa realidade tão dura retratada pelo diretor de 34 anos com toda dose de sofrimento, dor, sangue e tristeza, que faz Escalante afirmar que "a única salvação vem do sexo".

"O sexo é a grande esperança que nos resta. Tudo pode ser salvo ou destruído pelo sexo", declarou Escalante à imprensa em Cannes, onde seu filme, coproduzido junto com vários países europeus, estreia mundialmente nesta quinta à noite no majestoso Palácio dos Festivais.

Este é o terceiro longa-metragem de Escalante, que subirá as escadas do Palácio acompanhado de sua equipe, entre eles o jovem ator Armando Espitia, que interpreta Heli, e Andrea Vergara, de 13 anos, que fez o papel da irmã caçula do protagonista violentada por policiais.

Embora a violência seja protagonista, o papel do sexo, negado ou consumado, acompanha a evolução psicológica dos personagens ao longo de todo o filme. "Me interessa a relação entre morte, sexo e violência", comentou Escalante à imprensa.

Durante a exibição para a imprensa, alguns jornalistas deixaram a sala após as cenas mais extremas, mas de modo geral o filme de Escalante, apesar da discussão provocada sobre o grau de realidade que é válido mostrar na tela, teve uma recepção favorável em Cannes.

Jeune et Jolie, filme de Ozon, o primeiro de quatro produções francesas na disputa pela Palma de Ouro, esboça o retrato de uma adolescente, a bela Marine Vacth, que mergulha na prostituição sem necessidade, sem um motivo aparente, como Catherine Deneuve em A Bela do Dia, grande filme do diretor Luis Buñuel, de 1967.

Isabelle, jovem estudante --Lea para os clientes--, se relaciona com homens maduros pela internet. "É estudante? Ah, é a crise", diz um deles, referindo-se a um crescente fenômeno de estudantes que se prostituem ocasionalmente para arcar com suas despesas.

"A ideia era fazer um retrato de uma jovem de hoje ancorado em uma certa realidade, mas sem dar todas as respostas, compartilhar com os espectadores o mistério de Isabelle", declarou Ozon após a exibição de seu filme para a imprensa, que reagiu com aplausos.

Os filmes de Amat e de Ozon trouxeram os primeiros ventos de polêmica para este Festival, que começou na véspera em grande estilo, com a exibição da extravagante produção O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann, que foi recebida com frieza.

O sexo também foi destaque no evento dois anos depois do escândalo de Dominique Strauss-Kahn, em pleno Festival de Cannes. O ex-diretor do FMI voltou a dar o que falar neste balneário da Riviera Francesa, onde foram reveladas os primeiros trechos do filme de Abel Ferrara Welcome to New York, que narra sua queda em desgraça.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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