Cannes 2007

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Quarta, 16 de maio de 2007, 15h27 

'My Blueberry Nights' decepciona em Cannes

Divulgação

Cena do filme My Blueberry Nights
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A expectativa era muita, mas houve apenas fracos aplausos na apresentação à imprensa de My Blueberry Nights, a produção de Wong Kar-Wai que abre nesta quarta-feira o 60º Festival de Cannes com a tradicional cerimônia de gala.

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O novo filme do cineasta de Hong Kong trata das distâncias sentimentais e físicas. Era aguardado ansiosamente em Cannes, onde Wong tenta ganhar a Palma de Ouro pela quarta vez.

A decepção, possivelmente, foi conseqüência de uma aposta excessiva do público e de intelectuais no filme de Wong. Isso porque o cineasta vinha sendo considerado um dos melhores dos últimos anos.

Ele já havia conquistado Cannes com In the Mood for Love (Amor à Flor da Pele, de 2000), recebido o prêmio de melhor diretor com Happy Together (Felizes Juntos) há dez anos, além de ter causado polêmica com 2046 (2046: Os Segredos do Amor, de 2004).

My Blueberry Nights apresentou como atrativo a estréia da musa do jazz e do pop Norah Jones, ao lado de outros grandes nomes como Natalie Portman, Rachel Weisz, David Strathairn e Jude Law.

Além disso, o filme traz uma excepcional fotografia, repleta de jogos de cor e sombras, obra de Darius Khondji. Ele foi diretor de fotografia de Delicatessen (1991), e é um dos mais renomados do momento. A trilha sonora de My Blueberry Nights foi assinada por Ry Cooder (Paris, Texas).

No entanto, ficou clara a distância entre o mais novo filme de Wong e Chongqing Express (1994) e 2046. A história de amor de My Blueberry Nights é considerada muito evidente e sem paixão, o contrário de In the Mood for Love e Happy Together, filmados em Buenos Aires.

A ambientação, assim como a magistral composição de planos, continuam sendo os pontos fortes da obra do diretor de Hong Kong.

Entretanto, nesse filme, parecem não acrescentar nada de novo, o que pode ser a primeira mostra de fraqueza da filmografia de Wong.

Os diálogos soam excessivamente graves em um filme estruturalmente simples e de metáforas muito evidentes. O personagem de Norah Jones, após uma ruptura sentimental, empreende uma viagem em que conhece pessoas e histórias que marcarão sua vida.

No entanto, apesar de a cantora realizar um excelente trabalho de estréia como atriz, as histórias secundárias acabam se impondo com força à principal. Um motivo, talvez, seja a presença de atores como Natalie Portman, Strathairn e Rachel Weiz, que acabaram se destacando em detrimento da trama.

O resultado geral é um filme apreciável, mas de um Wong menor, longe de seus auges. "Disseram-me que era um erro abrir o festival", reconheceu com cautela o cineasta na entrevista coletiva que concedeu após a apresentação. No evento, Wong compareceu acompanhado por Norah Jones e Jude Law.

Também admitiu que "o principal desafio (do filme) é ser em inglês", uma língua com que o diretor diz não se sentir confortável. Isso pode explicar o tom artificial de boa parte dos diálogos.

Segundo a cantora de jazz, por outro lado, "é impressionante ver o que ele (Wong) captou da paisagem americana". De acordo com Wong, o filme "fala de distâncias, não, de viagens".

Jude Law e Norah Jones afirmaram que o diretor dá muita liberdade aos atores e é muito inventivo. Sobre a estréia como atriz, ela disse: "foi Wong que veio me procurar de improviso. Respondi-lhe que estava de viagem como cantora e que não tinha assistido seus filmes. Depois, vi In the Mood for Love e me pareceu o filme mais maravilhoso que eu já tinha visto".

Norah Jones já ganhou oito prêmios Grammy por seu disco Come Away With Me, de quatro anos atrás. "Quando se escuta a sua voz, só sua voz, já se pode escutar uma história; por isso, gosto dela; por isso, quis fazer um filme com ela", disse Wong.

Se o júri da Palma de Ouro - no qual está Maggie Cheung, atriz que trabalha freqüentemente com Wong - viu o filme da mesma forma como a crítica e a imprensa que estiveram hoje na sala Lumière do Palácio dos Festivais, dificilmente My Blueberry Nights levará o prêmio.

EFE
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