Cannes 2007

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Quarta, 23 de maio de 2007, 13h59  Atualizada às 14h07

Atrizes são destaque em dia preto-e-branco em Cannes

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Um trio de grandes damas do cinema, a alemã Hanna Schygulla, a francesa Catherine Deneuve e a britânica Tilda Swinton, foram o grande destaque hoje, um dia morno na competição pela Palma de Ouro no Festival de Cannes, marcada pelo preto-e-branco em todos os sentidos.

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Dois dos concorrentes eram filmes em preto-e-branco: a animação francesa Persépolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e a produção voltada para cinéfilos The Man from London, de Béla Tarr. Eles têm no elenco, respectivamente, Deneuve e Swinton.

Um pouco mais de cor foi vista e mais aplausos foram ouvidos na projeção do irregular Auf der Anderen Seite, de Fatih Akin, que após vencer o Urso de Ouro em Berlim com "Contra a Parede" (2003), chega agora a Cannes com Hannah Schygulla, a musa de Rainer Werner Fassbinder.

"Vi pela primeira vez Fatih na televisão quando ele venceu e Festival de Berlim e me lembrou um jovem Fassbinder", disse a atriz alemã na coletiva após a exibição.

A história das relações que se cruzam na Turquia e na Alemanha uniu Schygulla e Akin, que concorre pela primeira vez à Palma de Ouro. Segundo a atriz, o filme demonstra que "é muito raro que turcos e alemães se entendam bem", mas há uma nova geração que "tem as duas culturas e aproveita o melhor de cada uma".

"Todos os personagens refletem parte de mim", confessou o cineasta alemão de origem turca nascido em Hamburgo em 1973. O diretor acrescentou que o filme é o segundo da "trilogia sobre o amor, a morte e a maldade". A fita foi recebida com aplausos na exibição à imprensa.

Já a produção The Man from London, do húngaro Béla Tarr, recebeu aplausos mas também algumas vaias. Filmada em preto e branco e com longos planos-seqüência, pesa sobre o filme uma grande lentidão, tanto pela duração de 2h15, quanto pela atuação robótica dos atores.

Une-se a isto o fato de os protagonistas, Swinton e o tcheco Miroslav Krobot, não falarem húngaro e terem sido dublados, o que aumenta ainda mais o ar surreal que envolve o filme, baseado no romance de mesmo título de Georges Simenon.

"Fiquei fascinada com as possibilidades da dublagem. Foi incrivelmente libertador saber que não havia problema em errar o texto", disse Swinton, premiada como melhor atriz no Festival de Veneza em 1991 por Eduardo II e protagonista de As Crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005).

Sentado ao seu lado, Tarr agradeceu à atriz e à equipe por sua fidelidade ao projeto, apesar do suicídio do produtor do filme, Humbert Balsan, há dois anos. "Tivemos momentos muito difíceis e ninguém abandonou. Neste mundo asqueroso, é maravilhoso contar com uma solidariedade assim", disse o diretor.

John Simenon, filho do escritor belga Simenon, ficou "emocionado" com o filme. "É a primeira vez que a câmera entra na mente dos personagens, como meu pai fazia em seus livros", disse.

Quem não precisou de muito esforço para entrar na mente da protagonista de Persépolis foi a co-diretora da produção, Marjane Satrapi, pois a desenhista franco-iraniana é autora da história em quadrinhos autobiográfica na qual o filme se baseia.

Feito em preto e branco, assim como os quadrinhos nos quais se baseia, Persépolis dá o primeiro papel em animação a Catherine Deneuve, que faz a voz da mãe da protagonista, dublada por Chiara Mastroianni.

"O que me atraiu foi o universo de Marjane. Os quadrinhos são, ao mesmo tempo, muito rápidos e muito sérios, e todos os personagens são reais", destacou Deneuve. O filme é a estréia em Cannes de Satrapi e do co-diretor Paronnaud.

Marjane Satrapi, nascida no Irã e emigrada para a França após a Revolução Islâmica de 1979, reconheceu que tanto a HQ quanto o filme, que aborda a difícil situação da mulher iraniana, geraram protestos diplomáticos do Irã. "Não quero alimentar a polêmica", disse a desenhista e cineasta. "Como democrata, aceito as críticas, mas também exerço meu direito à liberdade de expressão".

EFE
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