Cannes 2007

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Quinta, 24 de maio de 2007, 11h38 

'Aleksandra' e 'Secret Sunshine' causam comoção em Cannes

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Enquanto os flashes dos fotógrafos se voltavam para as estrelas de 13 Homens e um Novo Segredo em Cannes, dois filmes concorrentes à Palma de Ouro eram exibidos em sessões discretas: o sul-coreano Milyang (Secret Sunshine), de Lee Chang-dong, e o russo Aleksandra, de Aleksandr Sokurov.

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O filme russo foi recebido com aplausos calorosos pela imprensa. É uma história o desejo de comover, apesar de só conseguir isso graças à atriz Galina Vishnevskaya, em um papel tão humano quanto ela.

Aleksandra é a quarta tentativa de Sokurov de conquistar a Palma de Ouro, depois de Pai e Filho (2003), Arca Russa (2002), Taurus (2001) e Molokh (1999), que levou de Cannes o prêmio de melhor roteiro.

De todas elas, provavelmente a mais lembrada é Arca Russa, um longa-metragem semi-experimental que conseguia reunir passado e presente apesar de ser rodado em apenas um plano-seqüência no Museu do Ermitage, em São Petersburgo. Nada mais longe do estilo de Aleksandra, que narra a visita de uma senhora idosa a seu neto, militar destacado na república separatista da Chechênia, e que trata da ternura e da guerra sem mostrar um só tiro.

O filme tem como principal trunfo a atuação muito humana de Vishnevskaya interpretando uma avó imersa em um ambiente militar rude. Ela estréia como atriz nesse papel, sem contar as filmagens de óperas das quais participou.

Galina Vishnevskaya, diva da ópera russa, foi durante 20 anos solista do Teatro Bolshói e durante 52 anos esposa do violoncelista e defensor dos direitos humanos Mstislav Rostropóvitch, morto em abril.

A pneumonia contraída por Galina durante o funeral do marido pode ter sido a causa do cancelamento do encontro com a imprensa de Aleksandra, anunciado nesta quinta-feira de última hora.

O serviço de imprensa do festival confirmou sem maiores explicações a segunda surpresa vinda da Rússia nas últimas horas: a inclusão na seleção oficial fora de concurso de um documentário sobre o assassinato do ex-espião russo Aleksandr Litvinenko.

A estréia de Rebelião: o Caso Litvinenko, que segundo os organizadores do festival, acontecerá no sábado, foi anunciada na quarta-feira em um canal televisivo russo por seu diretor, Andrei Nekrassov.

O festival trata assim de fatos da atualidade com o caso de Litvinenko, envenenado em novembro em Londres com polônio radioativo e que voltou ao destaque esta semana devido à solicitação britânica de extradição do principal acusado, o ex-espião Andrei Lugovói, e a recusa de Moscou a ela.

Muito longe de todas as intrigas políticas está Secret Sunshine, de Lee Chang-dong, um filme cuja produção esmerada conta um relato sobre fé e remorsos excepcionalmente interpretada por Jeon Do-yeon, já cotada ao prêmio de melhor atriz.

Se isso acontecer, consagraria Lee Chang-dong como mestre na direção de atrizes, depois de Moon So-ri ter levado o prêmio da categoria no Festival de Veneza há cinco anos com Oásis.

Também não seria de estranhar se o cineasta e ex-ministro da Cultura da Coréia do Sul conquistar a Palma de Ouro no domingo, em sua primeira tentativa. O filme combina profundidade temática e desenvoltura narrativa capazes de seduzir o júri do festival.

"Secret Sunshine fala sobre o ser humano, mais do que sobre religião", disse Lee na entrevista coletiva após a exibição, acompanhado dos atores Jeon Do-yeon e Song Kang-ho.

Jeon, uma das atrizes sul-coreanas mais famosas, se sentiu "uma iniciante" devido ao difícil papel no filme, explicou perante uma sala repleta de jornalistas de seu país e poucos mais, enquanto do lado de fora se ouvia a gritaria dos fãs na recepção a George Clooney, Brad Pitt e companhia.

EFE
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