Cannes 2007

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Sexta, 25 de maio de 2007, 11h37  Atualizada às 11h44

Filmes em Cannes frustram expectativas de críticos

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Após várias produções terem fracassado ao tentar trazer inovações neste 60º Festival de Cannes, os filmes de hoje mudaram de estratégia e optaram por outra vertente, ficando à beira do ridículo.

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Une vielle maîtresse, da francesa Catherine Breillat, e o americano We Own the Night, de James Gray, foram os filmes que tentaram enveredar por este viés - infelizmente.

Sobre a primeira produção, uma trama passional ambientada no século XIX e protagonizada por Asia Argento, o melhor que se pode dizer é que o resultado fica aquém do esperado, e isso escolhendo o adjetivo mais simpático em relação a Breillat.

Escritora com mais de 13 livros publicados e roteirista de filmes como E la nave va, de Federico Fellini, Breillat se empenhou tanto para fazer este filme que nem o AVC que deixou todo um lado de seu corpo paralisado conseguiu impedi-la de concretizá-lo.

"Talvez seja um filme paraplégico", disse hoje com ironia e amargura Breillat (que nasceu em 1948), que ainda caminha com dificuldade, na entrevista após a exibição do filme, que foi pouco aplaudido.

Um aplauso que pode ser considerado também sinal de cortesia para a diretora, já que, durante toda a projeção, foram vistas pessoas saindo e outras gargalhando, sendo que todas estas reações ocorreram em momentos supostamente com alto teor dramático.

Breillat, que ganhou fama de tratar a sexualidade feminina a partir de um ponto de vista inovador nos 11 filmes feitos entre Une vraie jeune fille e Une vieille maîtresse, não conseguiu, com a "velha amante" de 2007 chegar à altura da "jovem menina" de 1975.

Nesta história artificial, o único fator chocante foi Asia Argento, no papel de uma mulher fatal de Andaluzia - malaguenha, por alguns aspectos - que cumpre escrupulosamente todos os itens, como fumar cigarros à la Carmen e usar no cabelo pentes enfeitados e flores.

"Todos os cineastas tentam oferecer sua visão da mulher fatal, e esta é a minha", disse Breillat. O ruim é que esta mulher fatal em questão, em uma cena de sexo, deixa que apareça uma tatuagem que Argento possui no cóccix e, em outra, dá asas à imaginação sobre se teria colocado implante de silicone nos seios, coisas pouco comuns no século XIX.

Como também é insólito que a imprensa do Festival de Cannes receba com vaias um filme por mais detestável que seja, como ocorreu na exibição de We Own the Night, de James Gray.

Isso porque o filme do americano, que tenta vencer a Palma de Ouro pela segunda vez após concorrer em 2000 com The Yards, tem um cenário correto, elementos de ambientação muito bonitos e algumas seqüências de ação interessantes.

No entanto, a história policial que trata das relações entre dois irmãos não traz nenhuma inovação frente aos outros filmes do gênero, pois desde a primeira cena é ridiculamente previsível o que ocorrerá em seguida.

O filme lembra bastante Fuga para Odessa (1994), a estréia de Gray, que falou que, "se você tem sorte, faça o mesmo filme várias vezes", pelo menos quanto à temática.

We Own the Night é protagonizado por Eva Mendes, pelo venerável Robert Duvall e por Joaquin Phoenix. Este, aliás, apareceu perante a imprensa hiperativo, fazendo caras e bocas, rindo descontroladamente e interrompendo com rápida verborragia seus companheiros, com o que parecia desempenhar ainda o papel do drogado que interpreta no início do filme.

"É um grande artista", disse Gray sobre o ator, assim que Phoenix o deixou falar mais de duas palavras em seqüência. "Foi assim todos os dias. Isso não era trabalhar, era lutar", acrescentou lacônico Duvall sobre seu colega de cena, que, entre gargalhadas, disse ser incapaz de levar a situação a sério.

O pior que pode acontecer é que ao público o ator passou a mesma imagem que seu papel no filme.

EFE
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