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CineBH leva programação variada a público ávido por cinema de qualidade

20 out 2015 - 06h11
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Em uma Belo Horizonte onde o número de cinemas de rua sofreu uma drástica redução nas últimas décadas, como em tantas outras grandes capitais brasileiras, enquanto um público ávido por cinema de qualidade busca espaços fora do circuito comercial, um festival oferece a oportunidade de atender essa demanda - pelo menos até esta quinta-feira - ao mesmo tempo em que se oferece como instrumento de transformação social.

Aberta no último dia 15, a 9ª edição do CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte - têm tido sucesso entre os espectadores mesmo com o implacável calor que tem feito na capital mineira. O público compareceu em peso e as salas ficaram cheias, principalmente no Palácio das Artes, onde está a maior parte da variada programação de filmes, debates, seminários e encontros de negócios.

Na fila para assistir no sábado a "O Pântano", de Lucrecia Martel, diretora homenageada deste ano no evento, estava o biólogo Roberto Luz, de 47 anos. Assíduo expectador, ele defende que o melhor do festival é que ele proporciona encontros com os profissionais da área.

"O festival é muito interessante, e o fato de você poder conversar com alguns diretores dos filmes que estão passando o deixa ainda melhor. Todo ano eu venho. Ontem (sexta-feira) assisti "Iraniano", que é uma coisa muito diferente. Onde mais iria ver esse filme se não fosse aqui?", disse, com bom-humor.

A mistura de público é nítida, e todos têm espaço. Dos jovens aos mais experientes, dos experts aos menos entendidos no assunto, no cinema cabem todos. O projetista Marcos Lopes, de 23 anos, já tinha ouvido falar sobre o festival, mas ainda não tinha participado.

"Esta é a primeira vez, e vim a convite da minha namorada. Agora, estou vendo que tem muitas opções e acho que vamos voltar. São filmes que a gente não está acostumado a ver e são todos de graça", contou o rapaz pouco antes do início de "A Princesa da França".

Se na grade há produções internacionais, no público também há presenças de fora do país. Depois de morar 40 anos no Brasil e agora residindo nos Estados Unidos, a massoterapeuta argentina Irma Peralta, de 66 anos, aproveitou uma visita aos filhos para acompanhar a programação cultural.

"O que mais me chamou a atenção é que são muitos autores. Eu gosto muito desse clima, e se tem filme argentino, eu venho", contou ela, empolgada, enquanto aguardava a chegada de uma amiga.

E se a ideia é fazer deste um espaço democrático, quem nem conhecia o festival pode comparecer. Garçom de um restaurante próximo a um dos locais de projeção, José Roberto, de 36 anos, ficou curioso com a movimentação. Ao descobrir que se tratava de um festival de cinema gratuito, se interessou.

"Não sabia, vou olhar melhor os filmes. Amanhã (esta segunda-feira), estarei de folga e vou tentar ver algum filme. Preciso praticar o meu inglês", comentou, soltando um sorridente "let me see" ("deixe-me ver") ao começar a ler a lista com a programação.

De acordo com a organizadora da Mostra, Raquel Hallak, o evento está se consolidando e tem se fortalecido através da ideia de que o cinema é um instrumento de transformação social.

"Quanto mais filme, melhor, mas depende muito do orçamento. A cidade já teve 120 salas de cinema de rua. Hoje, só tem cinco, e nós estamos ocupando duas. Este não é um evento para shopping, então temos esse limitador de não ter tantos espaços de rua acessíveis a todos os públicos, mas acredito que o festival está cumprindo com o seu papel de ser uma janela alternativa de exibição", afirmou.

A 9ª CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte segue até a próxima quinta-feira, dia 22, no Palácio das Artes e no Espaço Centoequatro. Ao todo, serão apresentadas 61 produções do Brasil e de mais oito países, entre eles França, Espanha, Israel e Argentina.

EFE   
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