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Cinema equatoriano vive auge com 182 filmes em 5 anos

19 out 2011 - 10h02
(atualizado às 12h35)
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O cinema equatoriano está vivendo o melhor momento de sua história, com 182 filmes lançados nos últimos cinco anos, graças ao apoio de políticas públicas, à criação de escolas audiovisuais e ao sucesso de diretores como Sebastián Cordero e Tania Hermida.

"Este é um grande ano para o cinema equatoriano. Contamos com 15 projetos em pós-produção e sete em filmagem, pelos quais garantimos estreias para 2012 e 2013", explica Jorge Luis Serrano, diretor do Conselho Nacional de Cinematografia do Equador (CNC), entidade criada depois da aprovação da primeira lei de cinema do país, em 2006.

O CNC convoca anualmente um concurso que escolhe 30 projetos aos quais financia uma média de 25% a 30% do orçamento da produção e pós-produção, busca vínculos com outros países para realizar coproduções e faz parte do Ibermedia - o Programa de Apoio à Construção do Espaço Audiovisual Ibero-americano.

"Apesar das doações cobrirem apenas uma porcentagem, são um aval para conseguir apoio e recursos no exterior. Antes, cada filme era quase um milagre", afirma a diretora e produtora Tania Hermida, que se destaca atualmente com En el Nombre de la Hija, que será apresentado no Festival de Cinema de Roma.

A boa vontade política se soma ao talento dos cineastas, que colocaram o cinema equatoriano no mundo, já que filmes como Pescador, de Sebastián Cordero, que estreou com sucesso na última edição do Festival de San Sebastián, na Espanha, e Qué Tan Lejos, de Hermida, conseguiram distribuição na Europa.

Mesmo assim, a incipiente indústria enfrenta o problema da falta de salas, dado que as 220 telas do país são monopolizadas pelas grandes produções de Hollywood, conforme alega o setor. "Muitos distribuidores são ao mesmo tempo exibidores, aumentando sua parcela de lucros nos próprios filmes", explica o cineasta Manolo Sarmiento, diretor do Festival Edoc, de documentários.

Este panorama fez com que a comédia equatoriana A Tus Espaldas, de Tito Jara, saísse dos cinemas em sua oitava semana, mesmo ocupando 92% das salas, comenta Serrano. "Esse filme é um exemplo de que o público equatoriano responde a seu cinema. Em 2010, as três ficções lançadas no país arrastaram 400 mil pessoas às salas de cinema".

Trata-se de um número inimaginável há dez anos, porque, embora a década de 1980 tenha sido marcada por uma produção notável com títulos como Los Hieleros de Chimborazo, a chegada do VHS nos anos 1990 provocou uma enorme crise no setor, quando se produziram apenas cinco filmes e diversas salas foram fechadas no país.

Não se falou de um renascer no setor até a chegada de Ratos, ratones, rateros (1999), de Sebastián Cordero, a criação de festivais nacionais como o Edoc e o Zero Latitude e a chegada das câmaras digitais, que baratearam a produção.

Hoje o cinema equatoriano briga para entrar no mercado internacional criando um olhar próprio. "Todos os filmes se cruzam com o tema da identidade. É uma proposta de cinema que deve nos ajudar a construir nossa identidade nacional", observa Sarmiento.

No entanto, este crescimento da indústria do cinema equatoriano não refletiu ainda nem nos salários nem nas condições de trabalho. "Um extra, em um dia de rodagem, de 12 horas, pode ganhar US$ 15", destaca Andrés Crespo, protagonista de Pescador e Prometeo Deportado, de Fernando Mieles. "Já um ator principal, o salário máximo é de US$ 4,5 mil, para seis semanas de rodagem e comparecimento em eventos de divulgação", disse.

O problema dos baixos salários se estende por toda a profissão, lembra Sarmiento. "Fazemos por amor à arte. Eu não sei do que vivem todos os cineastas equatorianos. Nós todos fazemos outras coisas, como o jornalismo, que também não dá muito, as produções comerciais, o documentário institucional ou por encomenda".

Ratas, ratones e rateros, filme equatoriano de 1999
Ratas, ratones e rateros, filme equatoriano de 1999
Foto: Reprodução
EFE   
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