PUBLICIDADE

Terra conversa com atores e equipe de 'Tron, o Legado'

24 jul 2010 - 10h22
(atualizado às 14h56)
Compartilhar

Fábio M. Barreto
Direto de San Diego

Os fliperamas são uma das grandes marcas da década de 80. Salões repletos de jogos eletrônicos, outros nem tanto com suas bolinhas de metal disparando em grande velocidade. Um ícone, praticamente uma declaração de amor por uma era. Por isso, a Walt Disney Pictures centrou esforços nesse ambiente saudosista, mas formativo para as mentes mais criativas do mundo cinematográfico atual. O cenário é o Flynn's Arcade, fliperama fictício criado para o filme Tron, que foi reconstruído próximo ao San Diego Convention Center, onde acontece a Comic-Con.

A circunstância é levemente duvidosa, afinal Tron, o Legado, continuação do clássico, deve fazer jus a toda a expectativa a seu respeito. Mas a empolgação quase infantil de Jeff Bridges, vencedor do Oscar por Coração Louco, e Bruce Boxleitner, imortalizado pela série de ficção científica Babylon 5 parece erradicar qualquer dúvida. Foi nesse contexto que o Terra conversou com os astros e sua equipe técnica. Um verdadeiro túnel do tempo tecnológico, cinematográfico e facial, especialmente ao comparar os protagonistas tanto tempo depois.

Em entrevista exclusiva, Bruce Boxleitner comentou o revival de Tron. "Ainda é difícil acreditar nisso como realidade. O simples fato de estar ao lado de Jeff (Bridges) divulgando o filme e ambos nos comportarmos como crianças que ganharam um brinquedo novo diz muita coisa sobre nossa expectativa", comenta o veterano, que também teve fama no Brasil com a série O Caçador de Aventuras, na qual vivia Frank Buck, um aventureiro à la Indiana Jones.

"Esse foi o primeiro papel que consegui depois de Tron, foi um momento de notoriedade para minha carreira e acabei escolhendo Frank (deixando outros dois papéis de lado)". Embora Bridges tenha se tornado ícone pelo filme, é Boxleitner quem interpreta Tron, o herói da película original. "É difícil acreditar que fizemos tudo aquilo com roupas coladas no corpo, cheio de fitas, marcas de canetinha e até giz de cera e mandávamos as cenas para um pessoal lá no Oriente inserir os efeitos".

O mundo mudou, dentro e fora do computador. E, claro, no figurino. Olivia Wilde (da série House) que o diga, afinal, sua personagem tem causado frisson entre os espectadores masculinos, principalmente na Comic-Con. Em entrevista coletiva, Olivia - que recentemente anunciou sua saída de House como personagem fixo - se mostrou impressionada com as roupas. "Nunca vi tanta gente envolvida nesse departamento e tanta preocupação; eles sabiam que não podia dar errado", comenta. "Vestimos uma roupa de neoprene com luzes embutidas e um design bastante moderno. Toda vez que acendiam a roupa, eu dizia: Uau!".

Essa peculiaridade foi diversão generalizada durante as gravações, como brincou Michael Sheen, ator galês renomado por seu trabalho como Tony Blair nos filmes de Stephen Frears sobre o alto comando inglês e também por sua interpretação em Frost/Nixon. "Em algumas cenas víamos muitas pessoas usando esse aparato e, antes de dizer 'Ação', alguém da produção sempre dizia 'Acenda Tudo' e a sala inteira fazia 'Bing'. Era fantástico! Até esquecia de atuar só para presenciar aquela criação inusitada. Mas a melhor coisa foi ficar olhando Olivia naquele figurino!", brinca. Cada uma dessas roupas foi criada baseada nas curvas e características do corpo de cada ator para garantir aderência máxima.

"Foi engraçado ouvir rumores e ideias para uma continuação por uns 20 anos e a coisa nunca caminhar", diz Jeff Bridges, que vive Flynn, o herói de ocasião do primeiro filme e sujeito a ser superado na segunda parte. "Não consigo ver essa coisa toda que não como um grande videogame, desde minha atuação até o resultado final. Para que fazer se não for para se divertir?" Mas quando alguém se diverte, em mundos absolutos, alguém sofre. É a realidade binária da vida dentro do computador, onde a principal ação de Tron, o Legado se desenrola. E lá está Flynn. "Ele é o coronel Kurtz do cyberespaço", diz o produtor Steven Liesberg, que trabalhou no filme original, comparando o personagem de Bridges ao militar alucinado vivido por Marlon Brando em Apocalipse Now.

Mas ele não é o único a ver seu caminho se distanciar da bondade. Enquanto a tecnologia mostra seu lado negro e afasta as pessoas na vida real, no mundo virtual a coisa piora. Flynn pira, mas Alan (Bruce Boxleitner) também sofre efeitos com o mundo que nasceu por conseqüência de suas ações no primeiro filme. "Nunca imaginei Alan perdendo o rumo dessa maneira; e se tornando uma alma sem rumo", comenta o ator.

"Vivemos uma era em que a ficção científica do meu tempo se transformou em fato científico e, embora não tenhamos limites para imaginar, esse tipo de situação deixou de acontecer no espaço sideral e agora se passa na mente das pessoas, de máquinas ou em mundos tão ínfimos que não conseguiríamos observar. Ver que as pessoas em grande contato com isso se tornam estranhas em seu próprio mundo e ficam, literalmente, desalmadas é algo real demais para mim. De que adianta ter tudo num mundo inexistente se é impossível ter o mínimo de felicidade onde realmente importa?", indaga.

Boxleitner tem muitos motivos para se empolgar. Retornará a um grande filme depois de longo período distante das telas e planeja aproveitar ao máximo essa nova fase de exposição e, para isso, já está em contato com o amigo e diretor J. Michael Straczynski, criador e diretor da série Babylon 5.

"Conversamos ontem sobre isso e a ideia de um filme finalmente vai sair do papel. Seria ótimo voltar a trabalhar com essa franquia e um quinto filme viria bem a calhar", diz o ator, que deve reprisar seu papel como o capitão e, futuramente, presidente John Sheridan, numa das séries mais emblemáticas da década de 90.

"Babylon 5 foi revolucionária em seu visual, mas também fez algo fantástico para grupos de fãs que, pela primeira vez, puderam usar a internet para se reunir após os episódios e discutir o que acabaram de ver. Participar de momentos marcantes como esse é uma dádiva tão grande quanto a vida, sem dúvida".

Tron, o Legado, estreia no Brasil no dia 17 de dezembro deste ano.

Olivia Wilde e Jeff Bridges escutam o diretor Joseph Kosinski
Olivia Wilde e Jeff Bridges escutam o diretor Joseph Kosinski
Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade