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Diretor e roteirista latino-americanos defendem papel do cinema brasileiro

22 out 2014 - 20h41
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São Paulo, 22 out (EFE). - O diretor mexicano Guillermo Arriaga e o roteirista argentino Fernando Castets defenderam nesta quarta-feira o papel que o cinema brasileiro possui e destacaram o peso de suas histórias durante a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que terminará no próximo dia 29.

Após uma conversa com futuros roteiristas e leigos, o diretor de "Amores Brutos" disse à Agência Efe que os brasileiros deveriam "sentir-se orgulhosos do nível dos profissionais de seu país".

Para Arriaga, há uma série de produções nacionais que "tocou e transformou" o cinema mundial, entre elas "Pixote: A Lei do Mais Fraco" (1981), "Central do Brasil" (1998), "Cidade de Deus" (2002), "Ônibus 174" (2002) e "Tropa de Elite" (2007).

Durante o encontro, ambos os profissionais fizeram avaliações sobre o trabalho de seus colegas brasileiros após uma piada que surgiu na conversa, na qual o moderador disse que os roteiros argentinos eram de "melhor qualidade" do que os brasileiros.

Castets, roteirista da aclamado "O Filho da Noiva", refutou com bom humor a insinuação.

"É que vocês não viram tudo", respondeu o argentino, que admitiu que podem ter roteiros "bons" e "ruins" em todos os lugares.

Sobre as produções mexicanas, Arriaga ponderou que estão bem e com "uma saúde muito boa", já que sempre um filme de seu país está inscrito em festivais e "ganha algum prêmio". Ele ressaltou que os mexicanos contam ainda com o diretores como Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro de grande reconhecimento no mundo todo.

Para os dois, o tempo é algo muito importante na carreira profissional, e reescrever os textos é algo essencial.

Castets lembrou que ele mesmo já chegou a fazer mais de 15 versões de um projeto, enquanto Arriaga confessou em tom de brincadeira que trabalhou mais de dois anos em um roteiro que passou por 75 versões diferentes.

"Encontro o peso nas palavras", explicou o mexicano, que não permite que os atores improvisem com o texto de seus roteiros, porque seu trabalho é demorado para que possa mostrar exatamente o que ele espera comunicar.

"Para mim, escrever é uma luta contra a morte", continuou Arriaga, que vê em sua obra uma forma de "sobreviver ao tempo" justificando fazer tantas versões de uma mesma história.

Por outro lado, Castets afirmou que sente prazer em "reescrever" um texto e que cada vez que lê o que escreveu encontra novidades.

"Deixem que alguém leia o escrito antes de publicar, pois com esse exercício é possível refletir com os comentários", aconselhou o argentino aos novos roteiristas brasileiros.

EFE   
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