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Do "raulseixismo" ao fim da batalha, documentário emociona e faz rir

23 mar 2012 - 11h46
(atualizado às 11h58)
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Juliana Ranciaro

Morto em 21 de agosto de 1989, Raul Seixas é retratado no documentário Raul: o Início, o Fim e o Meio, de Walter Carvalho, através de depoimentos bem costurados de amigos, do irmão, de quatro de suas cinco ex-companheiras - a primeira, Edith, só participa por meio de uma carta, lida pela filha dos dois, Simone -, de suas três filhas, de um neto, e de parceiros de vida e trabalho, como Paulo Coelho, Caetano Veloso, Tom Zé e Marcelo Nova.

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Do menino cujo ídolo de infância era Elvis Presley e chegou a formar com amigos um fã clube intitulado Elvis Rock Club, passando pelo jovem que anos depois lança seu primeiro sucesso, Let me sing, let me sing, misturando rock com baião, com clara influência de Luiz Gonzaga, ao ídolo de multidões que afirma não pertencer a nenhum estilo musical, mas ter criado o raulseixismo, o longa emociona e faz rir.

Talvez a identificação resida no fato de o espectador achar que também faz parte daquela produção e que pode opinar, assim como os entrevistados, que muitas vezes comentam: "estou falando disso, mostra essa foto na tela agora". A loucura contagia todos, mas nesse círculo, Raul é aquele que parece não conseguir voltar à tona.

Carvalho conta a trajetória de Raul Seixas e deixa a cargo de Paulo Coelho, hoje renomado escritor, as histórias mais envolventes. Em sua casa na Suíça, Coelho afirma que foi ele quem apresentou Raul às drogas, mas que não se sente culpado por isso, porque cada um tem que saber o momento de parar. Conta ainda sobre como se envolveram como o satanismo, com a sociedade alternativa e em meio a isso escreveram sucessos como Há Dez Mil Anos Atrás ou Sociedade Alternativa, que rendeu aos dois problemas com a ditadura militar da época, que enxergou nela uma mensagem política. Foram presos, torturados e mandados para o exílio em Nova York, Estados Unidos.

De lá só voltaram quando o disco Gita estourou nas paradas de sucesso e vendeu 600 mil cópias. Outra história interessante acontece quando uma mosca fica voando ao redor de Coelho e ele afirma ser o próprio Raul, recordando ainda outro sucesso do cantor, A Mosca na Sopa.

O enquadramento é um recurso bem utilizado por Carvalho no documentário. Tanto em depoimentos quanto em trechos de entrevistas concedidas por Raul, o diretor tenta aproximar-se mais da boca da pessoa, algo como "o que é dito é mais importante do que quem fala", o foco é Raul Seixas.

E, quase no fim, uma frase resume toda a loucura do astro, encontrado morto em seu apartamento após um dia de muita bebida no bar em frente ao seu prédio. Em carta escrita a uma de suas ex-companheiras e lida pela própria, ele diz: "bebia e vomitava, bebia e vomitava. Cheguei a tomar 8 copos nessa sequência até que um finalmente parasse no meu corpo. Aí sim estava tudo bem".

Raul: o Início, o Fim e o Meio estreia nesta sexta-feira (23) nos cinemas nacionais.

Nesta quarta-feira (14) à noite, aconteceu no Cine Odeon, no Rio de Janeiro, a pré-estreia do filme Raul: o Início, o Fim e o Meio, do diretor Walter Carvalho
Nesta quarta-feira (14) à noite, aconteceu no Cine Odeon, no Rio de Janeiro, a pré-estreia do filme Raul: o Início, o Fim e o Meio, do diretor Walter Carvalho
Foto: Philippe Lima / AgNews
Fonte: Terra
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