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Diretor critica abordagem de questões homossexuais em abertura de festival

11 nov 2013 - 21h50
(atualizado às 22h05)
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<p>Cena do longa <em style="margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; vertical-align: baseline;">Interior. Leather Bar.,&nbsp;</em>que retrata a vida e a intimidade do universo gay nos EUA</p>
Cena do longa Interior. Leather Bar., que retrata a vida e a intimidade do universo gay nos EUA
Foto: Divulgação

O diretor de cinema Travis Mathews, que participa do Festival Mix Brasil de Cultura de Diversidade com uma produção co-dirigida por James Franco sobre a vida e intimidade do universo gay, criticou, nesta segunda-feira (11), a abordagem de cineastas em produções do gênero por não abordaren as questões do coletivo LGBT a partir de dramas reais.

"Os filmes gays lançados nos últimos anos possuem protagonistas gays que não entram na problemática realmente gay. Não tratam de questões como HIV ou casamento", disse o cineasta em entrevista a Agência Efe, em São Paulo.

O diretor está no Brasil para o lançamento de seu novo filme, Interior. Leather Bar., que retrata cenas censuradas da fita Parceiros da Noite, sobre um policial (Al Pacino) que se infiltra em clubes de sexo gay para investigar uma série de assassinatos.

O filme original, lançado em 1980, gerou polêmica entre gays e heterossexuais e acabou com 40 minutos eliminados pelo órgão de classificação americano para não ser catalogado na categoria de pornografia.

Agora, mais de 30 anos depois, as imagens reconstruídas por Interior. Leather Bar. podem ser vistas no festival, que começou no domingo (10) e vai até o dia 17. Na quinta-feira (14), o festival será inaugurado no Rio de Janeiro.

"Acho que atualmente é um progresso ver este tipo de filmes e este tipo de arte gay, que não só aborda a sexualidade, mas incorpora o sentido de quem são essas pessoas e seus dramas", apontou Mathews.

Da mesma forma que ocorreu no momento do lançamento de Parceiros da Noite, a reedição das cenas dirigidas por Franco e Mathews chegou a ser censurada na Austrália, o que para o diretor foi uma vantagem por proporcionar um debate sobre o "inadequado e antigo" sistema de classificação de filmes atual.

"Não sou prepotente a ponto de pensar que meu filme inova por si mesmo e que vai mudar o sistema de classificação de filmes, mas penso que é um passo dentro do processo cultural", declarou o cineasta, que considera que o debate está no "DNA" de seus filmes.

Mathews disse não levar em conta a reação do setor mais conservador na hora de filmar e explicou que é inspirado em sua frustração de adolescente, quando, com 15 anos, não tinha muitas referências sobre estilos de vida homossexual a serem seguidos.

"Quando faço filmes, penso nas pessoas que sei que quereriam ver algo natural e honesto sobre o universo gay", comentou.

A importância do longa foi percebida pelos diretores do festival, João Federic e André Fischer, que o escolheram para abrir sua 21ª edição.

"A questão que James Franco e Travis Mathews levantam é muito importante neste momento, no qual vemos tantas pessoas com um papel tão importante neste país, tendo posições tão homofóbicas e tão confusas em relação à homossexualidade", explicou Federic.

O objetivo do festival, segundo o diretor do evento, é proporcionar por meio da cultura uma melhor compreensão sobre as questões LGBT. "Acho plenamente que a cultura e a educação são o que mudam uma sociedade", concluiu.

EFE   
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