Em "Muitos Homens Num Só", Alice Braga e Vladimir Brichta estrelam romance policial de época
"Muitos Homens Num Só" surpreendeu em 2014, quando levou dez prêmios no Cine PE, incluindo melhor filme, roteiro, ator, atriz, direção de arte e trilha sonora. Consagrado pelo júri e público por lá, este romance policial chega agora aos cinemas com expectativas em alta.
Com uma competente produção de época, o filme é baseado no personagem real "Dr. Antônio", registrado pelo cronista carioca João do Rio, autor de "Memórias de Um Rato de Hotel". Trata-se de um habilidoso ladrão do final do século 19, no Rio de Janeiro, que roubava quartos de hotéis de luxo e foi perseguido pela polícia por anos a fio.
Vivido pelo ator Vladimir Brichta, o protagonista chega a um duplo problema no roteiro escrito pela diretora Mini Kerti (do documentário "Contratempo") e Leandro Assis. Além de se apaixonar pela casada Eva (Alice Braga), é perseguido pelo policial Félix Pacheco (Caio Blat), que passa a usar impressões digitais para identificar o ladrão.
"Dr. Antonio", uma das facetas do personagem que ficou famosa na época, precisará decidir se prefere o amor ou o crime, ao mesmo tempo em que engana a polícia e tenta se livrar de seu colaborador problemático (participação especial do uruguaio César Troncoso). É nesse ponto que a produção se distancia ainda mais da realidade, tornando-se simples inspiração.
A composição dupla da história é reflexo do trabalho conjunto entre Kerti e Assis, que faziam roteiros paralelos, com visão uma mais romântica, outra mais criminal (respectivamente).
Com quase uma década decorrida entre projeto e execução do filme, a diretora só conheceu Assis em 2008, quando decidiram reunir o que haviam escrito até então, mesclando ideias distintas.
Com trilha sonora assinada pelo eterno Legião Urbana Dado Villa-Lobos, a produção é, no fim, uma grande história de amor, apoiada pela atuação de Braga e Brichta. Aliás, o ator intencionalmente não fez questão de adaptar seu personagem à época (apesar do cuidado com a ambientação), para entregar uma versão mais atual de Dr. Antônio. Apesar de o público pernambucano tê-lo dispensado, integrar-se ao contexto deveria ser imprescindível.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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