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'Capitão América: Guerra Civil' continua debate de segurança

27 abr 2016 - 16h42
(atualizado às 20h05)
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Vindos de filmes e séries de humor como Dois é Bom, Três é Demais e Community, os irmãos Anthony e Joe Russo surpreenderam com a guinada dada à bem-sucedida franquia de blockbusters dos super-heróis da Marvel, a partir de seu, ainda cômico, mas também denso Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014).

Foto: Reuters

Suspense político e de espionagem atento aos questionamentos da era Snowden de vigilância eletrônica, aquele longa trouxe luz ao eterno e pertinente dilema entre liberdade e segurança, cuja solução a humanidade continuará buscando inutilmente, segundo o filósofo polonês Zigmunt Bauman.

Dentro do interligado universo cinematográfico Marvel, a discussão lá iniciada repercutiu no extravagante Vingadores: Era de Ultron, de Joss Whedon, sendo agora amplificada em Capitão América: Guerra Civil, sob a direção da mesma dupla.

Uma desastrosa ação em Lagos, na Nigéria, contra o antigo inimigo Rumlow (Frank Grillo), reacende as dúvidas sobre as consequências das ações desmedidas dos Vingadores. A destruição provocada em Nova York, Washington e na fictícia Sokovia após as batalhas dos últimos filmes levou vários países a estabelecerem uma regulação de todos os indivíduos com superpoderes.

O agora secretário de Estado, Thaddeus Ross (William Hurt), informa que o Tratado de Sokovia os coloca sob a jurisdição da ONU e quem não assiná-lo será considerado um criminoso. As decisões precipitadas e traumas de Tony Stark (Robert Downey Jr.) nos últimos longas levam o alter ego do Homem de Ferro a apoiar a nova legislação, enquanto o Capitão América (Chris Evans) não aceita o controle governamental interferindo na liberdade de ação dos super-heróis.

A defesa que Steve Rogers faz do Soldado Invernal (Sebastian Stan), seu velho amigo Bucky Barnes transformado em máquina programada para matar, acirra mais a divisão entre os dois companheiros e obriga os outros membros da equipe a escolher um lado.

Lançado apenas um mês depois de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, a comparação entre ambos é inevitável, não apenas pela rivalidade criada entre fãs da Marvel e da DC e pela disputa inerente a cada história, mas também devido às questões éticas das atitudes de seus protagonistas, que são ao mesmo tempo a salvação e a destruição. A diferença é que Christopher Markus e Stephen McFeely, dupla de roteiristas de toda a trilogia do Capitão América, têm a óbvia vantagem de dispor dos longas anteriores para construir o arco de seus personagens.

Só assim conseguem colocar o militar Rogers contrariando a ordem para assumir ideias liberais e o capitalista empresário Stark optando pelo controle do Estado.

Por isso, o roteiro não recorre ao maniqueísmo comum no gênero, entre bem versus mal, e evita um vilão caricato, trazendo um Zemo manipulador se aproveitando da discórdia, bem diferente do Barão da HQ’s na sutileza do ator Daniel Brühl.

A trama superpovoada ainda cumpre bem o desafio de introduzir novas figuras neste conjunto, com um Pantera Negra (Chadwick Boseman imponente e com forte sotaque) ativo e com motivos para entrar na luta e um Homem-Aranha (Tom Holland) como o típico adolescente maravilhado, ágil e falante ao ser posto em batalha com seus ídolos. O novo Peter Parker rouba a cena e serve como um ótimo alívio cômico, tal qual o afiado Paul Rudd na rápida participação do Homem-Formiga.

Ainda assim, o script se entrega a clichês simplificadores, como a revelação final da missão do Soldado Invernal vista no prólogo. Mesmo com um primeiro ato mais tenso e menos cômico do que o habitual para a Marvel, não são cansativas as quase duas horas e meia da versão dos Vingadores como grupo, nem para os iniciantes na hipernarrativa do estúdio.

Os irmãos Russo continuam impondo sua marca, tanto pelo viés político quanto pelo estilo de ação, dentro das possibilidades de uma fantasia, mais realista ao ser filmada pela câmera de Trent Opaloch no combate corpo a corpo. Se o ainda superior Soldado Invernal tem um jeito de 007, Guerra Civil traz a energia de Jason Bourne em sua sequência inicial.

Contudo, quando vêm os grandes confrontos, sempre em lugares “evacuados”, eles parecem nunca trazer o perigo iminente esperado. Talvez seja em razão dos efeitos especiais, mais naturais no rejuvenescimento de Downey Jr., ou porque é só o início da terceira fase deste universo, que ainda aguarda mais nove produções.

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