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ESTREIA–“Boyhood” retrata vida de um garoto comum por 12 anos

29 out 2014 - 16h23
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Sem ser um documentário, “Boyhood – da infância à juventude” se apropria das mudanças físicas e até emocionais de seu protagonista, Mason (Ellar Coltrane) – que cresce e se transforma completamente, dos 5 aos 18 anos, nos 12 anos em que foi filmada a produção, que rendeu um prêmio de melhor direção ao norte-americano Richard Linklater no Festival de Berlim deste ano.

Diretor Linklater recebe prêmio por "Boyhood" no Festival de Berlim, em 15 de fevereiro.
Diretor Linklater recebe prêmio por "Boyhood" no Festival de Berlim, em 15 de fevereiro.
Foto: Pool / Reuters

Uma reunião anual para debater o roteiro, seguida da filmagem de pequenos segmentos, foi o método usado por Linklater para realizar a obra, certamente única numa filmografia que já reunia notáveis reflexões sobre a passagem do tempo, como a trilogia romântica “Antes do Amanhecer” (95), “Antes do Pôr-do-Sol” (04) e “Antes da Meia-Noite” (13).

Como naquela trilogia, “Boyhood...” se vale até das transformações físicas de seus atores para tornar-se crível – o que é mais vívido ainda em se tratando de um menino que passa da infância à vida adulta diante das câmeras, como ressalta o redundante subtítulo nacional.

Mas só esse detalhe não sustentaria uma narrativa que aspira a ser uma espécie de paralelo naturalista, mas também emotivo, da própria vida, sem acontecimentos grandiloquentes, nem grandes heroísmos, apenas as pequenas batalhas da existência de todos nós.

Assim, Mason será acompanhado desde a infância, ao lado da irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor), e da mãe, Olivia (Patricia Arquette), divorciada do pai, também chamado Mason (Ethan Hawke). Fazem parte do universo do garoto as interações e conflitos com os pais e a irmã, as sucessivas mudanças de Estado, casa e escola, os relacionamentos mais ou menos turbulentos com os novos namorados da mãe, além da convivência com os amigos, a descoberta do sexo, os sonhos e decepções, até a entrada na universidade.

Todos estes pequenos acontecimentos essenciais são pontuados por incidentes perfeitamente corriqueiros, que permitem a identificação de públicos de diversas latitudes. O que o filme lembra é que, por mais que alguns detalhes sejam distintos, o processo de crescimento é a grande aventura individual da espécie. É disso, deste fluxo da vida, que Linklater quer falar, sem discurso, sem filosofia, sem conclusão final, apenas pelo preço da aventura em si.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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