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Festival de Gramado diz que foco é ser representante do cinema na Am. Latina

17 ago 2013 - 18h27
(atualizado às 18h50)
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<p>Em coletiva de encerramento,&nbsp;Rubens Ewald Filho questionou a falta de aplausos do p&uacute;blico aos filmes exibidos</p>
Em coletiva de encerramento, Rubens Ewald Filho questionou a falta de aplausos do público aos filmes exibidos
Foto: Divulgação

Horas antes da entrega dos prêmios Kikito do Festival de Cinema de Gramado, a organização do evento reafirmou seu compromisso com o cinema nacional e disse que seu foco é se transformar no representante do cinema latino-americano perante cineastas, produtores e imprensa do mundo. O discurso ocorreu na coletiva de encerramento da 41ª edição do festival, realizada na tarde deste sábado (17), na Sociedade Recreio Gramadense, na serra gaúcha.

"Este foi o ano da afirmação. Fizemos alguns ajustes de gestão e de foco em relação às outras edições", disse a secretária de turismo de Gramado e coordenadora geral do evento, Rosa Helena Volk, enfatizando que neste ano estiveram presentes organizadores de outros 13 festivais, com os quais Gramado propõe uma parceria, de olho na expansão do próprio mercado cinematográfico do País. "Reafirmamos que o cinema é o nosso foco principal e nos sentimos credenciados a representar brasileiros e latinos para o mundo".

Volk citou a parceria com novos produtores e enfatizou o prestígio dos atuais curadores de Gramado, José Wilker, Rubens Ewald Filho e Marcos Santuario, como um diferencial para o crescimento do festival em 2013, responsável por atrair um grande número de cineastas, produtores de mais de 150 produções inscritas, cuidadosamente analisadas pelo trio.

"Quando eu seleciono um filme, não vejo um pedaço e dispenso, vejo ele inteiro. E este ano tinha muito filme bom, diversos que mexeram comigo", afirmou Ewald Filho, um dos mais festejados críticos de cinema do Brasil. "É uma sensação tão boa ver que na seleção dos longas não tem seis filmes bons, tem 30. E eu senti muita paixão nesses filmes".

Em uma ampla edição, com oito dias de programação recheados por mostras paralelas e debates, o Festival de Gramado teve entre os concorrentes aos Kikitos oito filmes nacionais, seis estrangeiros, 16 curtas brasileiros e 18 gaúchos. Entre os prestigiados nomes do cinema nacional na competição estão personalidades como Maitê Proença, Vladimir Brichta, Marco Ricca, Rodrigo Lombardi e Leandra Leal. Entre os oito longas nacionais, cinco foram inéditos.

"Quando eu escolho um filme como curador não penso se ele foi exibido ou não em outro festival. Se o filme é bom, tem que ser visto", enfatizou Ewald Filho, corroborado pelo colega de curadoria Marcos Santuario - Wilker não estava presente. "A gente escolhe baseado na qualidade. Claro que pensamos, 'que bom se ele não tivesse sido ainda apresentado', mas isso não tira o mérito de o exibirmos aqui".

A organização do evento também aproveitou para enfatizar que a 42ª edição já está confirmada e, para garantir o processo de internacionalização, colocará em seu regulamento a obrigatoriedade de filmes legendados para atrair estrangeiros. Em 2013, jornalistas e críticos de diversos países europeus, como Portugal e Inglaterra, estiveram presentes no festival.

"Não há a menor hipótese de não termos isso no ano que vem. É algo essencial para Gramado chegar aonde quer", disse Ralfe Cardoso, da Um Cultural, desde o ano passado no planejamento e coordenação do evento. "Além diso, a partir do próximo ano teremos oficinas de cinema para a sociedade gramadense, vislumbrando no futuro tranformar esta cidade em um grande pólo audiovisual".

No clima de debate que sempre imperou nas salas de imprensa da cidade, houve também espaço para críticas, como as falhas de projeção e áudio no Palácio dos Festivais, a suntuosa construção onde são exibidos os longas concorrentes de Gramado. "Precisamos qualificar isso, porque aquele lugar é a grande jóia do festival", afirmou Cardoso.

"E a gente também pretende fazer a audio-descrição (narração de cenas para deficientes visuais feita na exibição da co-produção Brasil/Argentina A Oeste do Fim do Mundo) em todos os filmes nacionais. É algo que tem de parar de nos comover e partir a nos mover. Custa pouquíssimo e é fundamental para o consumidor".

Ewald Filho também fez sua crítica, focada não na organização, mas na forma como o público demonstrou no Palácio dos Festivais pouco apreço aos filmes concorrentes, algo que ficou patente em praticamente todas as sessões do evento.

"O que eu não entendi foi em relação às palmas. O que aconteceu? Gente, expressem a emoção dos filmes nas palmas. Veja que fenômeno curioso: até quando a pessoa vai receber o prêmio as pessoas não conseguem sequer ficar de pé", lamentou. "Como curador que sofre, eu fico, 'será que escolhemos errado?", brincou.

"Acho que ainda estamos em um processo", defendeu Cardoso. "Os dez minutos de aplauso ainda vão voltar. Queremos ensinar, sim, Gramado a aplaudir".

A 41ª edição do Festival de Cinema de Gramado termina na noite deste sábado, com cerimônia de premiação a partir das 21h, no Palácio dos Festivais.

Fonte: Terra
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