Festival de Brasília 2006 |
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Quarta, 29 de novembro de 2006, 09h42 "Baixio das Bestas" é o grande vencedor do Festival de Brasília |
No final, compensou a polêmica. Baixio das Bestas, do diretor pernambucano Cláudio Assis, venceu na noite de terça seis prêmios no Festival de Brasília, inclusive o mais cobiçado, de melhor filme, no valor de RS$ 80 mil.
Assista a trailers inéditos!
Fotos: destaques do cinema!
Desde o começo do festival, Baixio das Bestas era o filme mais esperado, porque já era conhecido o potencial de contestação deste diretor, que estreou em 2002 com Amarelo Manga.
Nesta nova passagem por Brasília, Cláudio Assis levou, além do troféu Candango de melhor filme para o júri oficial, também os de melhor atriz (Mariah Teixeira), melhor ator (Irandhir Santos), melhor atriz coadjuvante (Dira Paes), melhor trilha sonora (para o músico Pupillo) e também o de melhor longa-metragem 35 mm para a crítica especializada.
A consagração de Cláudio Assis dividiu as reações da platéia do Teatro Cláudio Santoro, onde ocorreu a cerimônia de premiação. Houve aplausos, mas também fortes vaias.
Alguns integrantes da equipe do filme Batismo de Sangue, outro concorrente, retiraram-se ostensivamente quando foi anunciado o troféu de melhor filme para Baixio das Bestas.
Batismo de Sangue, do mineiro Helvécio Ratton, levou apenas dois troféus: melhor diretor e melhor fotografia (para Lauro Escorel). Agradecendo o troféu de direção, no valor de RS$ 20 mil, Ratton dedicou-o "àqueles que caíram nos porões da ditadura e nunca mais se levantaram". O filme retrata as memórias de Frei Betto e um grupo de outros jovens religiosos dominicanos, que aderiram à luta armada durante a ditadura militar, nos anos 1970.
No fundo do palco, ouviram-se, além das vaias, gritos de "júri safado" diante do resultado da premiação. Tranquilo no palco, Cláudio Assis apenas comentou ironicamente: "Obrigado pela educação".
Uma reação até certo ponto surpreendente porque, quando passou por Brasília há quatro anos, Assis era conhecido por se expressar usando sempre muitos palavrões. Desta vez, chamou a atenção por sua serenidade.
O segundo filme mais premiado da noite foi o concorrente paulista Querô, de Carlos Cortez, com quatro troféus: melhor som (Louis Robin), melhor direção de arte (Fred Pinto), melhor roteiro (Carlos Cortez, Bráulio Mantovani e Luiz Bolognesi) e melhor ator para o estreante Maxwel Nascimento, de apenas 16 anos.
O jovem teve uma das reações mais emocionadas. Desceu chorando os degraus que o separavam do palco, abraçado a três colegas de elenco e disse: "Este filme foi um avião que saiu. Agora eu só quero fazer cinema!".
Logo depois, ele e os colegas ensaiaram uma coreografia de hip hop.
A premiação de ator pode ser considerada uma das maiores surpresas da noite. A expectativa era que o troféu fosse para Caio Blat, que teve dois papéis de peso em dois concorrentes, Batismo de Sangue e Baixio das Bestas.
O documentário O Engenho de Zé Lins, de Vladimir Carvalho, levou dois Candangos: melhor montagem (Renato Martins e Vladimir Carvalho) e Prêmio Especial do Júri. Além disso, ganhou o Prêmio Câmara Legislativa do Distrito Federal como melhor longa 35 mm, no valor de RS$ 50 mil.
O documentário Encontro com Milton Santos ou a Globalização Vista do Lado de Cá, do carioca Sílvio Tendler, venceu, como era esperado, o troféu de melhor filme para o júri popular.
Entre os longas, só o documentário Jardim Ângela, de Evaldo Mocarzel (SP), não recebeu nenhum prêmio.