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Realidade bate forte com exibição de 'Sonhos Roubados'

2 out 2009 - 09h05
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A realidade bateu forte na tela do Cine Odeon BR nas noites de terça e quarta-feira. Sandra Werneck se deteve no cotidiano de meninas moradoras de periferia em Sonhos Roubados. Já a constatação da impunidade num mundo que se aproxima a passos largos da barbárie foi a nota comum presente em Os Inquilinos (Os Incomodados que se Mudem), de Sergio Bianchi, e Luto Como Mãe, de Luiz Carlos Nascimento.

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A partir do livro As Meninas da Esquina, de Eliane Trindade, Sandra Werneck entrecruza as trajetórias de Jessica, Sabrina e Daiane. A dificuldade de ser mãe adolescente, o assédio sexual do tio, o namoro com um bandido e a opção pela prostituição como saída econômica não são enfocados como tragédias. Talvez este seja o maior diferencial do trabalho, diretamente conectado com o filme anterior de Sandra ¿ o documentário Meninas.

"Os filmes normalmente têm um diretor e um produtor. Eu acumulei as duas funções", disse Sandra, que extraiu interpretações espontâneas do elenco principal (Nanda Costa, Kika Farias e Amanda Diniz) e coadjuvante (Marieta Severo, Silvio Guindane).

Na noite anterior, Bianchi anunciou que Os Inquilinos representa uma guinada em seu cinema:

"É um filme simples e triste, que aborda sem recados prontos a situação dos moradores de periferia". De fato, o diretor se distanciou do contundente tom panfletário de Cronicamente Inviável (2000) e Quanto Vale ou é Por Quilo? (2005). Também não enveredou pela experimentação pulsante de Romance (1988). Em tom menor, retrata a via-crúcis de uma família a partir do momento em que bandidos se mudam para a casa ao lado e passam a cometer uma série de abusos. Bianchi mostra como uma situação externa abala as relações pessoais e destaca as transformações decorrentes da passagem do tempo. A partir de um ótimo roteiro, o cineasta mantém a tensão.

Em Luto como Mãe, Luiz Carlos Nascimento traz à tona três casos notórios - o das Mães de Acari, em 1990, o do Via Show, em 2003, e o da Chacina da Baixada Fluminense, em 2005. O diretor dá voz às mães dos jovens assassinados por policiais militares, retratando a luta delas para que a morte dos seus filhos não fique impune e o esforço para impedir que acontecimentos nefastos como esses voltem a acontecer.

"Quis dar visibilidade a mulheres que são verdadeiras Antígonas brasileiras", declarou o cineasta, referindo-se à tragédia de Sófocles.

Bastante aplaudido ao final, Luto como mãe é um típico exemplo de filme em que a importância do projeto se sobrepõe às qualidades cinematográficas da realização.

Cena de Sonhos Roubados
Cena de Sonhos Roubados
Foto: Jornal do Brasil
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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