Samir Abujamra volta às raízes em 'O Paraíba'
Samir Abujamra não é um diretor muito conhecido. Salvo alguns curtas, pouquíssimos trabalhos na TV e uma série de atividades no Rio de Janeiro, no resto do Brasil ele é praticamente um anônimo. Carrega, no entanto, o nome de uma imponente família, repleta de artistas. Mas é só. E isso não o intimidou, no entanto, a fazer um documentário sobre a sua vida. O Paraíba foi exibido nessa quarta-feira (7) como parte das atrações do Festival do Rio em sessão de gala.
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O filme conta a história do próprio Samir, que usando uma câmera Mini DV resolve registrar a viagem de volta à sua terra natal, Campina Grande, na Paraíba. Quando era criança, Abujamra tinha vergonha de dizer que tinha nascido por ali.
E como ele mesmo cita no começo do filme, só nasceu lá por acaso. Filho de um engenheiro transferido para a cidade para construir uma rodovia que liga Campina Grande ao Brejo Paraíbano, acabou saindo do nordeste aos quatro meses e por isso não tinha qualquer memória de sua vida no local.
Essa curiosidade vai narrando os melhores momentos do filme. Apesar do bom humor, a câmera tremida de Samir - que filma toda e qualquer situação ¿ capta alguns momentos melancólicos da vida no interior, ao mesmo tempo em que abusa da simplicidade de seus moradores para incitar risadas nos espectadores.
Ele então visita a antiga casa onde morou ¿ que hoje tornou-se o consultório de um dentista um tanto carente de atenção -, busca seu registro de nascimento e conhece o Dr. Ederaldo, que fez seu parto, natural. Para isso, sua mãe teve que ficar 12 horas esperando. "Naquela época a gente só fazia cirurgia em último caso", conta o médico, encontrado por Abujamra na viagem.
"Eu peguei uma 'camerazinha', fui atrás de uma experiência pessoal", disse o diretor antes da sessão. "É um filme feito em casa. Na minha casa", brinca.
Apesar de parecer um tanto arrastado para uma viagem sem causa - e que pouco vai interessar ao espectador -, O Paraíba é simpático, e mantém o fôlego em mais uma hora de filme. O humor pastelão poderia ser dispensado. Mas os habitantes de Campina Grande tiram a estrela do diretor na maior parte do tempo. Samir conta a sua história para falar de quem realmente interessa: os paraíbanos.