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'VIPs' ganha pontos na interpretação de Wagner Moura

27 set 2010 - 07h36
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Carol Almeida
Direto do Rio

Na teoria, VIPs é um filme sobre cinco personagens em uma só pessoa, chamada Marcelo Nascimento da Rocha. Na prática, o filme dirigido por Toniko Melo fala um personagem fragmentado em cinco identidades, e todas elas respondem pelo nome de Wagner Moura. Sim, porque quase todo o mérito do filme está no protagonista e nos roteiristas Thiago Dottori e Bráulio Mantovani que, cientes da fluidez com que Moura incorpora um personagem, criaram um texto prontinho pra caber na voz e na expressão do ator. E este, por sua vez, não deixa de ser co-roteirista dessa trama em que a construção do personagem representa 99% do filme. A porcentagem restante dá conta de toda a parte técnica das filmagens.

Inspirado na história real do já citado Marcelo Nascimento da Rocha, VIPs ganha com Moura uma nova dimensão. O ator, que admitiu não gostar da ideia de um personagem golpista tal como era o Marcelo original, transformou um homem de crimes premeditados em uma pessoa esquizofrênica, que acredita em verdades inventadas e, por isso, passa de uma identidade para outra sem grandes conflitos morais.

Ironicamente, VIPs ganha na interpretação que Moura fez da real identidade desse personagem e quase que como seu papel no filme, o ator com seu "feeling" é quem inventa esse novo rumo da história. O que poderia, portanto, ser uma versão brasileira de Prenda-me Se For Capaz, com Leonardo DiCaprio, vira uma história muito mais interessante sobre um homem que tenta escapar de si mesmo.

A trama começa quando Marcelo ainda é adolescente. A propósito, estranho ver Wagner Moura a essa altura do campeonato como um estudante colegial. A maquiagem não faz muito para modificar o rosto do ator e o cabelo emo de franja comprida não convence. De qualquer maneira, vemos esse jovem em sala de aula exibindo aquilo que seria um primeiro sintoma de "Mulher Solteira Procura" quando começa a repetir e imitar gestos de um colega de sala. A partir daí, essa vontade de criar uma nova identidade se transforma em uma doença cujo caminho não tem volta.

Como ponto central dessa fuga interna, há a figura paterna de um piloto de avião que serve de inspiração para que o personagem, literalmente e com o perdão do clichê, voe alto em suas fantasias. Todos esses elementos são muito bem captados por Wagner Moura. O filme ganha quando vai fechando o foco no ator, e perde toda vez que se afasta dele, o que em alguns momentos se torna um problema para a obra, já que personagens potencialmente interessantes, como a mãe do protagonista, carecem de atenção maior por parte do roteiro.

É preciso pontuar que, a despeito de qualquer pormenor e com uma produção relativamente simples e um elenco bem enxuto, o filme tem grandes chances de cumprir uma carreira bem sucedida nas salas do País. A previsão de estreia no circuito comercial é para o dia 24 de março de 2011.

Cena de 'VIPs', com Wagner Moura
Cena de 'VIPs', com Wagner Moura
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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