2000 Nordestes

Ao ler uma reportagem sobre uma família de paraibanos decidida a migrar para o Sul de bicicleta, o diretor Vicente Amorim escreveu o argumento para um longa-metragem de ficção e convidou David França Mendes para desenvolverem juntos o roteiro.

E, com uma câmera digital, saíram em viagem para terem "uma vivência maior do Nordeste e combater clichês e estereótipos", como afirma Mendes. O roteiro de O Caminho das Nuvens foi concluído, com filmagens previstas para o início de 2002, e gerou o documentário 2000 Nordestes.

Durante três semanas em março de 1999, os diretores e o fotógrafo Rodrigo Monte percorreram vários Estados da região, além de realizar entrevistas com a comunidade nordestina do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A minicâmera DV VX1000 foi registrando depoimentos sobre fé, amor, trabalho, diversão que compõem um atualíssimo mosaico das esperanças e frustrações tanto de quem ficou na região como dos que saíram em busca de outra realidade.

Os 70 minutos do filme são resultado de uma bem elaborada edição, com um ritmo marcado pela batida do maracatu e do mangue beat.

Um olhar contemporâneo sobre uma sociedade por vezes arcaica que se recria embalada pela cultura de massa. Os depoimentos que mostram os sonhos de uma nova vida são intercalados com imagens de outros filmes com temática nordestina, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.

Esse recurso dá uma nova dimensão aos mesmos e velhos problemas do nordestino, sob uma ótica crítica e bem-humorada.