Abbas Kiarostami voltou a Teerã, mergulhando na reflexão sobre seu processo criativo. O resultado está neste filme, em que ele compartilha as experiências de uma carreira de mais de 30 anos e 36 filmes, dividindo-as em dez capítulos: introdução; câmera; assunto; roteiro; locações; música; o ator; equipamentos; o diretor de cinema; a última lição. Para o diretor, o cinema é simples: tudo o que se precisa é uma câmera, três lentes e um par de tripés. Cada movimento de câmera - ou a ausência dele - deve ter uma boa razão. A câmera DV, que ele descobriu quando precisou refilmar às pressas as cenas finais de Gosto de Cereja, arruinadas no laboratório, é hoje uma de suas paixões. Kiarostami vê nessa pequena câmera portátil o instrumento ideal para abolir clichês e superar pretensões estéticas. No seu entender, por seu baixo custo, a tecnologia digital libera os cineastas para serem tão independentes como escritores, pintores e escultores, além de fornecer-lhes mais uma arma em países onde ainda existe a censura, como o seu. Finalmente, Kiarostami estabelece as ligações de seu cinema com o neo-realismo italiano, invocando os ensinamentos de Cesare Zavattini, que acreditava que os temas para os filmes podem ser encontrados sempre à nossa volta, nas ruas.