Esqueça os violinos e as cenas de ondas quebrando na praia enquanto o casal de namorados se abraça. Em seu novo e polêmico filme, Nove Canções, o cineasta britânico Michael Winterbottom se propôs a romper tabus cinematográficos sobre o sexo que estão em vigor há anos.
Nove Canções trata de um relacionamento através de cenas intensas e comoventes de sexo, muitas das quais não têm fundo musical, apenas o som de gemidos e suspiros.
As cenas de sexo são intercaladas com eletrizantes shows de música aos quais o casal assiste, com grupos que incluem Franz Ferdinand, Primal Scream, The Dandy Warhols e, de maneira um pouco destoante, uma apresentação de piano do compositor Michael Nyman em comemoração aos seus 60 anos.
"Outros filmes tratam de todas as outras partes de um relacionamento humano, mas não da coisa sexual", disse Winterbottom. "A idéia foi simplesmente deixar o espectador ver duas pessoas juntas na cama."
O diretor, que nos últimos três anos rodou o elogiado A Festa Nunca Termina, Neste Mundo e Código 46, usou uma videocâmera digital portátil e confiou na luz existente para diálogos improvisados.
O resultado sombrio e granulado oferece ampla evidência de que nada foi deixado para a imaginação. Mas, ao final de experiências visuais tão satisfatórias, o filme termina após 65 minutos deixando muito a desejar em termos de enredo, personagens interessantes e habilidades técnicas.
Winterbottom diz ter se inspirado num romance do polêmico escritor francês Michael Houellebecq para as relações realistas compartilhadas por Matt (Kieran O'Brien) e Lisa (Margo Stilley) após se conhecerem num show de rock em Brixton.
Matt é um glaciologista a trabalho na Antártida quando se recorda da época que passou com Lisa, uma norte-americana em estudos na Inglaterra.
A história da relação entre os dois é relatada em retrospectiva, com diálogos mínimos, em capítulos curtos e intensos que se desenrolam na cama.
As cenas são extremamente explícitas, incluem cenas frontais de felação e masturbação, e são filmadas inteiramente com luz natural, o que as torna íntimas sem serem obscenas.
O resultado parece ter surpreendido até mesmo quem participou do filme. "É uma abordagem escapista, mas gosto de sua franqueza. Assistindo ao filme agora, me sinto pouco à vontade em ver algo tão real", disse a atriz Margo Stilley, que faz o papel de Lisa.
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