O jovem diretor e roteirista israelense Joseph Cedar melhora seu talento como contador de histórias em seu segundo filme, "A Fogueira", uma trama mais intimista e menos abertamente política do que seu primeiro trabalho, "Paixões" (2000).
Suas duas obras fizeram sucesso em Israel, ganhando diversos prêmios, e foram indicadas para concorrer ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira.
A história de "Fogueira" se passa durante os primeiros dias do movimento de assentamentos israelense. Mas o filme, que foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Palm Springs, é, acima de tudo, um retrato afetuoso de uma jovem viúva e de suas filhas adolescentes.
Na Jerusalém de 1981, Rachel (Michaela Eshet), viúva há um ano, está inclinada a aceitar as propostas de encontros feitas por Shula (Edith Teperson), cujo marido (Assi Dayan) está organizando o grupo fundador para um assentamento judaico.
O primeiro encontro de Rachel é com um homem gentil, o cinquentão Yossi (em uma brilhante interpretação de Moshe Ivgy, um dos principais atores de Israel).
Embora fique claro para o espectador que eles são perfeitos um para o outro, ela ainda é iniciante no quesito encontro amoroso, e ele, velho demais nessa questão, o que impede que eles vejam algo além da amizade.
Enquanto isso, Rachel tenta fazer parte do grupo religioso que prepara o assentamento. Sendo uma mulher solteira em uma sociedade tradicional, ela não se sente confortável com seu status.
Cedar mostra que para muitos dos colonos israelenses fundadores, o principal motivo não era o fervor religioso, mas um bem imóvel disponível - um bom lugar para se criar uma família.