Ampliando os limites da técnica de animação "motion-capture", empregada no seu conto natalino O Expresso Polar, o produtor executivo Robert Zemeckis criou um misto de aventura e suspense em A Casa Monstro.
É bom que se diga: não existe monstro nenhum na casa caindo aos pedaços. O monstro é a própria casa. A idéia funciona bem em alguns momentos. Mas o "horror", no caso, é sobretudo externo. Quando a história finalmente entra na casa mal-assombrada, 52 minutos depois do início do filme, a mansão em ruínas vira uma espécie de parque de diversões de Hollywood. Pisos desabam e paredes adotam atitudes carnívoras. E logo a casa está engolindo pedestres desavisados.
As crianças devem curtir o filme, mas seus pais provavelmente o acharão difícil de assistir até o fim, apesar dos trocadilhos e das referências anatômicas incluídas em seu benefício.
Dois garotos de 12 anos, DJ (Michael Musso) e Chowder (Sam Lerner), acham que algo de muito estranho vem acontecendo do outro lado da rua, no terreno em frente à casa de DJ. Quando os pais do garoto (Catherine O'Hara e Fred Willard) saem, um dia antes do Halloween, e sua baby-sitter (Maggie Gyllenhaal) está ocupada com seu namorado, Bones (Jason Lee), os dois meninos vão investigar a casa na companhia de sua nova amiga Jenny (Spencer Locke).
A casa pertence a um velho resmungão, Nebbercracker (Steve Buscemi), que não deixa ninguém invadir seu gramado. Furioso quando DJ ousa pisar na grama, Nebbercracker tem um ataque e é levado embora numa ambulância. Sentindo-se culpado por achar que matou Nebbercracker, DJ se convence de que a casa é assombrada por um espírito maligno, possivelmente do próprio Nebbercracker.
Os policiais locais (Nick Cannon e Kevin James) não ajudam muito, especialmente quando a casa os engole, juntamente com Bones e um cachorro. Por isso são os meninos que precisam elucidar o mistério. Eles acabam se dando conta de que a casa é uma encarnação da falecida, gigantesca e trágica esposa de Nebbercracker (Kathleen Turner). Então o próprio Nebbercracker reaparece, vivo, e os quatro precisam encontrar uma maneira de destruir a casa malévola e libertar o "espírito" da mulher morta.
Apesar da trilha musical divertida de Douglas Pipes, do design colorido de Ed Verreaux e dos personagens malucos, esta fantasia não chega a criar uma experiência cinematográfica satisfatória. Ela é frustrante porque parece desconjuntada, exatamente como a casa que perambula pela rua, desintegrando-se.