O diretor francês Christophe Honoré (Em Paris, Canções de Amor) revisita um clássico da literatura do século 17 - A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette - para extrair livremente o argumento de seu novo filme, A Bela Junie, drama romântico ambientado numa escola de classe média em Paris.
A chegada de uma nova aluna, Junie (Léa Seydoux), abala a rotina. Prima de Mathias (Esteban Carvajal-Alegria), ela decidiu mudar de escola para enfrentar a depressão causada pela morte recente da mãe. No novo ambiente, a garota bonita e reservada provoca paixões.
Menina que parece difícil de contentar, afinal ela aceita o pedido de namoro do mais tímido de seus pretendentes, Otto (Grégoire Leprince-Ringuet). Mas eles são muito diferentes. E Junie também atrai a paixão de um de seus professores, Nemours (Louis Garrel, de Amantes Constantes).
Italiano e professor de música, o não menos belo Nemours também desperta paixões tanto entre professoras quanto alunas - e costuma corresponder à maioria, em geral ao mesmo tempo. Junie parece afetá-lo de outra forma, especialmente porque não se mostra disposta a ceder à atração que também sente por ele.
Como sempre nos filmes de Honoré, a presença da música é muito forte. Aqui, é marcada pelas baladas do cantor e compositor Nick Drake - que têm muito a ver com o clima e a trama. O ambiente coletivo da escola, afinal, é tão personagem quanto cada um dos alunos, cujos afetos, invejas e disputas despertam a todo momento.
O incidente envolvendo uma carta perdida, que remete a uma intriga que até então passou despercebida, lembra a origem da história no romance do século 17. A frequente lembrança da fragilidade do amor também homenageia filmes de François Truffaut , como O Homem que Amava as Mulheres e O Amor em Fuga).
Honoré aposta demais no belo rosto de Lea Seydoux para traduzir seu enigma. É um filme que se enamora da indiscutível beleza de seus personagens e procura captar a fluidez das paixões da adolescência.