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Filme sobre drones em Veneza quer estimular debate, diz diretor

5 set 2014 - 17h26
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O ator Ethan Hawke interpreta um piloto de drone (aeronave não-tripulada) que tem um colapso mental enquanto atinge alvos a 11 mil quilômetros de distância no filme "Good Kill", que estreou nesta sexta-feira Festival de Cinema de Veneza e quer estimular um debate.

Ator Ethan Hawke no Festival de Veneza. 5/9/2014
Ator Ethan Hawke no Festival de Veneza. 5/9/2014
Foto: Tony Gentile / Reuters

Dizendo logo de cara se tratar de uma produção “baseada em fatos reais”, o filme dirigido pelo neozelandês Andrew Niccol, cujo "Gattaca", de 1997 e também estrelando Hawke, foi indicado a um Oscar, é situado em uma base de operações de drone em 2010.

“O que me atraiu neste projeto foi a natureza esquizofrênica desta guerra – é um novo tipo de guerra”, disse Niccol em uma coletiva de imprensa após a exibição.

“Nunca tínhamos tido um tipo de guerra na qual um soldado como o personagem de Ethan Hawke basicamente combate durante 12 horas com o Taliban e depois volta para casa, para a esposa e os filhos, e fica com eles mais 12 horas”, declarou.

Ele disse que os produtores do que afirma ser o primeiro filme de ficção sobre a guerra com drones procuraram a cooperação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para rodar a produção, mas que o pedido foi negado.

“Houve desafios, porque é muito difícil fazer um filme sobre militares sem apoio dos militares”, disse.

“Espero que ele desperte reflexões e discussões. Acho que a história é um alerta para que pensemos onde vamos chegar com este programa de drones”, acrescentou.

Las Vegas, com seus cassinos e seus letreiros de neon, é um contraste gritante com o mundo árido de cabanas na lama e paisagens desérticas que os operadores de drone veem em suas telas de comando.

Quando encerram o expediente, eles voltam para seus lares suburbanos, a um mundo de distância das cidades e vilarejos afegãos que os mísseis de suas aeronaves fulminam.

Hawke disse que a proximidade de Las Vegas ressalta a ideia de que os operadores e seus superiores estão “na cidade do pecado julgando o resto do mundo”.

Mas seu personagem, o major Thomas Egan, é perturbado pelo “dano colateral” – os civis que morrem nos ataques, o que o leva a beber e a uma crise em seu casamento.

Niccol declarou que o filme não pretende ser pró ou antiguerra, mas que a linguagem fria dos operadores, em frases como ‘autodefesa preventiva’, faria George Orwell, autor de "1984", revirar-se no túmulo.

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