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Fragilidade narrativa enfraquece novo filme sobre a origem de Drácula

22 out 2014 - 17h41
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Não deixa de ser ambicioso, ou mesmo pretensioso, o título “Drácula – A História nunca Contada”.

Imortalizado no imaginário popular a partir do romance gótico de Bram Stoker, de 1897, e nas dezenas de personificações no cinema (de Bela Lugosi, em 1931, a Gary Oldman, em 1992, para lembrar as mais icônicas), o personagem já foi revelado em múltiplas perspectivas e dimensões. O que mais haveria para dizer sobre ele?

A resposta dos roteiristas novatos Matt Sazama e Burk Sharpless é justamente a sua origem, ou como um príncipe sanguinário tornou-se o mais famoso dos vampiros.

Para isso, eles se inspiraram não só na obra de Stoker, mas também na suposta fonte dela, a figura do príncipe Vlad – O Empalador, que lutou contra o império otomano no Século 15.

Interpretado pelo ator Luke Evans, Vlad, aqui, é um soberano magnânimo, que no passado lutou junto aos turcos. Na violência das lutas, empalava exércitos inteiros para ser temido, daí a alcunha. Já de volta à terra natal, onde é um príncipe benevolente, passa a pagar tributos aos turcos para manter a autonomia de sua região.

No entanto, quando o sultão Mehmed (Dominic Cooper) exige que Vlad lhe entregue mil crianças de seu principado, incluindo seu filho, o soberano declara guerra.

Como não tem tropas para derrotar o poderio turco, acaba fazendo um pacto com uma criatura misteriosa que vive nas montanhas, o mestre vampiro (Charles Dance, da série “Game of Thrones”).

No acordo, Vlad receberá poderes extraordinários por três dias. Se ele resistir à agonizante sede por sangue, volta ao normal, caso contrário, será para sempre um vampiro, livrando, por sua vez, o mestre da maldição. Trata-se, claro, de um jogo em que o criador manipula sua criatura.

Embora o argumento seja coerente para uma fantasia sobre a gênese de Drácula, em que monstros surgem para lutar contra outros monstros, as fragilidades desta narrativa, tal como sua execução, enfraquecem seu resultado.

Se de um lado o vampiro se torna uma marionete, extraindo a força secular do personagem, de outro, as cenas contém desacertos, muitos deles lógicos – como a falta de um povo local, a quem o herói supostamente defende. O diretor, também novato, Gary Shore se apropria dos efeitos digitais competentes, em uma acertada atmosfera sombria, mas perde a mão no desenvolvimento da história. Assim, os problemas de roteiro e a irregularidade do resto do elenco fazem com que o trabalho do ator Luke Evans sobressaia, fazendo parecer que é o único recruta a marchar no passo certo.

De fato, o filme empurra para a frente a pergunta que, aqui, deveria ter sido respondida: a origem do vampirismo. Enfim, uma história ainda muito mal contada.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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