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Giuseppe Tornatore cria suspense dramático com Geoffrey Rush

16 jul 2014 - 17h11
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Reconhecido por seu mais estrondoso sucesso, “Cinema Paradiso”, que lhe rendeu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1988, o diretor italiano Giuseppe Tornatore é um autor de melodramas. Seja em “Malena”, “Baaria – A Porta do Vento” e até mesmo no sofrido “A Desconhecida”, há um claro pendor para o novelão, com histórias que se arrastam por seus excessos.

Ator australiano Geoffrey Rush chega a um evento em Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro. 11/01/2014
Ator australiano Geoffrey Rush chega a um evento em Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro. 11/01/2014
Foto: Gus Ruelas / Reuters

O suspense “O Melhor Lance”, estrelado pelo ator australiano Geoffrey Rush, a princípio se distancia dessas particularidades. O diretor consegue manejar o mistério que envolve seu personagem, com clara tensão, mas passadas as apresentações do conflito, ele volta a mergulhar o espectador nos elementos que compõem seu cinema.

Aqui, Rush faz o papel de Virgil Oldman, um curador de arte e leiloeiro reconhecido internacionalmente. Um homem solitário e avesso à vida social (usa luvas para não ter contato com as pessoas) que, secretamente, pratica golpes com seu comparsa Billy (Donald Sutherland): desvaloriza obras de arte para, mais tarde, arrematá-las no próprio leilão e assim engordar seu milionário acervo pessoal (predominantemente retratos femininos).

A fama de Oldman faz com que a misteriosa Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks) entre em contato com o leiloeiro. Ela, que possui uma mansão repleta de obras de arte deixada por seus falecidos pais, deseja que ele catalogue e venda todos os bens do imóvel. Um trabalho convencional para Oldman, se não fosse a reclusão da moça (alegadamente, agorafobia) e peças de um raro autômato que encontra pelo local.

Com a ajuda de seu amigo mecânico Robert (Jim Sturgess), o protagonista começa a montar as peças roubadas da mansão. No entanto, o artefato fica em segundo plano quando Oldman se torna obcecado pela, aparentemente, frágil figura de Claire. Isolada na mansão, vive presa em seu quarto e fala com ele apenas pelo buraco da fechadura.

Aos poucos, Oldman passa a dedicar mais tempo à jovem herdeira, em uma mudança comportamental extrema. Aconselha-se com Robert sobre a melhor forma de se aproximar das mulheres, compra roupas e joias, monta um jantar na mansão para que ela saia do quarto que a isola do mundo. Enfim, um apaixonado que vê em Claire a primeira mulher de sua vida. E acaba sendo correspondido.

Porém, há segredos a serem desvendados até o fim desta história em que Tornatore teima em carregar nas tintas, trazendo obviedades, reiterando o que já foi percebido. A potencial tensão do início da projeção chega minguada ao fim, acabando com o efeito-surpresa, apesar do esforço de Geoffrey Rush, que está impecável em todas as cenas (literalmente).

Tornatore, cuja capacidade e competência sempre pareceu maior do que as produções que fez nas últimas décadas, tornou-se um daqueles diretores tachados, negativamente, como noveleiro.

Apesar do sucesso em seu país, tem recebido duras críticas internacionais por não sair de sua zona de conforto. “O Melhor Lance” era, aparentemente, algo novo (como “A Desconhecida” também o seria), mas que não conseguiu fugir à seu própria regra.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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