Michael Cieply
A greve dos roteiristas já dura oito semanas, e praticamente paralisou a corrida anual pelos prêmios de cinema. Não se sabe nem mesmo se o Globo de Ouro será televisado.
Jorge Camara, presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, garantiu os convidados de sua recepção natalina de gala, sexta-feira, em Beverly Hills, que os astros comparecerão em massa à cerimônia do prêmio anual da organização, de acordo diversos executivos de publicidade que estiveram presentes.
Mas na quinta-feira, Jeff Hermanson, coordenador de greve da Writers Guild of America, ainda prometia manifestação nas calçadas diante do Beverly Hilton Hotel, que abrigarão a cerimônia do Globo de Ouro, produzida pela Dick Clark Productions.
Hermanson declarou, em uma das diversas entrevistas que concedeu esta semana, que ¿se o Globo de Ouro for televisado, e a produção for da Dick Clark Production, uma das empresas contra as quais estamos em greve, faremos piquete.¿
Em pânico diante da perspectiva de enfrentar piquetes de grevistas em sua caminhada pelo tapete vermelho, as celebridades enviaram um sinal definido por executivos de publicidade de Hollywood como quase unânime: se os escritores em greve aparecerem, os atores não comparecerão.
A NBC até o momento mantém seus planos de transmissão, de acordo com uma pessoa envolvida no trabalho, que pediu que seu nome não fosse divulgado para não causar ainda mais tumulto.
Pessoas que conhecem a associação dos correspondentes estrangeiros disseram que seus líderes estão discutindo planos de preservar ao menos em parte o brilho da ocasião substituindo a transmissão em rede de TV por uma transmissão via Internet ou, mais provavelmente, um evento fechado. A premiação, que está em sua 65ª edição, foi realizada sem transmissão ao vivo pela última vez em 1979.
O objetivo da associação é permitir que Tom Hanks, Keira Knightley ou George Clooney compareçam sem ter de cruzar a linha de piquete. Isso evitaria os danos que uma transmissão sem astros poderia causar ao valor futuro do prêmio, e incentivaria a NBC a abandonar seus planos.
Porta-vozes da NBC e da Dick Clark Productions se recusaram a comentar, e representantes da associação dos correspondentes não responderam a tentativas de contato. Hermanson disse que, se a transmissão via Internet fosse produzida pela Dick Clark, os piquetes estariam lá, mas que não haveria protestos caso a premiação não seja televisada.
Problemas no Globo de Ouro seriam um mau presságio para a cerimônia do Oscar, marcada para o dia 24 de fevereiro. O sindicato dos escritores anunciou que seus membros não trabalhariam no programa, mas não anunciou planos para fazer piquetes durante o evento. A situação coloca o apresentador previsto da cerimônia, Jon Stewart, sob extraordinária pressão, já que ele teria de improvisar suas falas durante as três horas do programa, para evitar violar as regras do sindicato.
Um porta-voz de Stewart não respondeu a perguntas sobre seus planos.
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times
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