36º Festival de Gramado

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36º Festival de Gramado

Sábado, 16 de agosto de 2008, 20h34 Atualizada às 08h56

Crítica e júri popular elegem 'A Festa da Menina Morta'

Orlando Margarido
Direto de Gramado

Numa rara concordância, e muito positiva nesse caso do cinema nacional, o filme de Matheus Nachtergaele, A Festa da Menina Morta, último título da competição, exibido ontem à noite, foi eleito o melhor por 16 críticos de cinema presentes em Gramado com direito a voto.

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A fita mereceu ainda título de o preferido do júri popular e um reconhecimento na parte técnica.

Quanto ao longas estrangeiros, houve discordância. O escolhido da crítica foi o colombiano Perro Come Perro (na tradução literal, cachorro come cachorro), enquanto os quatorze jurados, entre cinéfilos e profissionais da área de onze estados brasileiros, preferiram dar o prêmio do júri popular ao argentino Por sus Proprios Ojos.

A crítica ainda contemplou o curta-metragem Booker Pittman, do paranaense Rodrigo Grota, sobre o jazzista americano homônimo do título e padrasto da cantora Eliana Pittman.

O resultado foi divulgado agora à tarde na cidade serrana, junto com outros dois prêmios, um deles inédito. Trata-se do Troféu Cidade de Gramado, que parte de um júri de estudantes.

O grupo pôde votar apenas em categorias técnicas. A direção de arte de Pedro Paulo de Souza em Nome Próprio, a montagem de Natara Ney em Juventude, e a música de Matheus Nachtergaele em seu próprio filme foram os beneficiados pela nova premiação. O mexicano Cochochi foi lembrado pela excelência da linguagem técnica.

O anúncio ocorreu algumas horas depois do debate tradicional das manhãs com os filmes concorrentes, o que impossibilitou um comentário de Matheus.

Mas durante a conversa ele disse já estar muito satisfeito com a boa receptividade da platéia e comentou que não concordou com a imprensa brasileira presente em Cannes e sua avaliação de que muitos espectadores abandonaram a sessão.

"Eu estava lá, eu vi que não foi muita gente perto das 800 pessoas presentes na sala", disse. "Foi bem menos ainda em Gramado, embora dá na mesma para mim, eu fico desesperado, cada um que sai, mesmo que seja para ir ao banheiro, é uma punhalada no coração".

O ator, que faz sua estréia na direção, lembrou ainda que ficou muito emocionado com o aplauso em cena aberta, com o público de pé, durante a sequência da dança do personagem principal Santinho, intepretado por Daniel de Oliveira.

"Sei o quanto essa história é difícil, dura, crua e exige do público; é um soco e um beijo, é bater e aliviar todo o tempo", disse.

"Mas Daniel merece, ele impressionou todo mundo no set por vestir e desvestir o personagem tão rapidamente", prosseguiu.

Durante o debate, foi lembrado que a atuação do ator lembra muito as próprias interpretações de Matheus, especialmente no teatro, como na peça O Livro de Jó.

"Eu cheguei a pensar em viver o Santinho, mas logo vi que acumularia demais as funções e não daria certo. Mas sem dúvida eu me transplantei para o corpo do Daniel, sou eu ali", disse Nachtergaele.

A partir das 21h, terá início a solenidade de entrega dos Kikitos, com boas chances, pelo que se ouve, de Matheus dominar com seu filme visceral.

Especial para Terra

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