PUBLICIDADE

Gramado sofre com perda de prestígio mas ainda exibe bons filmes

15 ago 2010 - 12h05
Compartilhar

Clarissa Barreto
Direto de Gramado

A história de três amigos de infância nascidos no Capão Redondo, periferia de São Paulo, que tiveram destinos diferentes foi a grande vencedora do Kikito de melhor longa brasileiro no 38º Festival de Cinema de Gramado, entregue na noite deste sábado (14). Apontado como favorito pelos participantes do festival, Bróder, o primeiro longa do diretor Jefferson De faturou ainda os Kikitos de melhor diretor e de melhor ator para Caio Blat, no papel de Macu.

O ator desembarcou em Gramado somente no sábado, já que está gravando seu novo longa no Xingu. "O Macu foi o maior presente da minha vida. Hoje, eu posso encher a boca e dizer 'eu sou negão!'", discursou o ator. Já Jefferson De dedicou o troféu de melhor diretor à filha Joana, que estava de aniversário neste sábado, e puxou um "Parabéns a você" acompanhado da plateia que lotava o Palácio dos Festivais.

Desde a exibição, na primeira noite do festival, Jefferson De se mostrava confiante no prêmio máximo. Após ganhar o troféu de melhor filme, o diretor subiu ao palco com uma camisa do Internacional, para agradecer o Kikito. "O Brasil é um país de contradições. Hoje, o Caio Blat diz que é negão e eu estava na Villa de Caras", brincou. O diretor ficou ainda mais confiante na indicação de Bróder para representar o cinema brasileiro no Oscar.

"Acho que o filme tem todas as credenciais para ir ao Oscar. Pelo elenco, pela equipe técnica e pelo drama que apresentou na tela tem todas as condições, não sou eu que estou dizendo. Ele tem", afirmou. O filme deve estrear nos cinemas em novembro próximo.

Os prêmios de melhor fotografia, melhor atriz - para Simone Spoladore - e melhor roteiro foram para o controverso "Não se pode viver sem amor", de Jorge Durán. O longa, que é uma espécie de epifania natalina, dividido entre o realismo e o milagre, dividiu a crítica e, na mesma medida em que foi elogiado, foi duramente criticado. Já o prêmio especial do jurí ficou com o misto de documentário e drama "O último romance de Balzac", de Geraldo Sarno.

Entre os filmes estrangeiros, os prêmios foram mais pulverizados. O melhor longa estrangeiro foi também um dos favoritos, o documentário Mi vida con Carlos, do diretor German Berger. A produção chilena narra a busca de Berger pela história do pai, assassinado no regime militar. "O prêmio é o reconhecimento da necessidade de abordar o passado para se ter uma sociedade mais justa", discursou o diretor. A obra também levou o Kikito de melhor fotografia. O prêmio especial do jurí ficou com o excelente "La Yuma", produção da Nicarágua. Alma Blanco, que interpreta Yuma, foi considerada a melhor atriz. O Kikito de melhor ator foi dividido entre Gabino Rodriguez (Perpetuum Mobile) e Martin Piroyansky (La Vieja de Atrás). O melhor diretor foi Nicolas Pereda, de Perpetuum Mobile e o melhor roteiro foi para La Vieja de Atrás.

A 38ª edição do festival chega ao fim mostrando que, apesar de uma inegável perda de prestígio (alguns premiados, como Simone Spoladore e Jorge Durán, não compareceram à premiação, cujo maior número de estrelas eram jovens atores de Malhação), se consagra como uma chance de os brasileiros tomarem conhecimento de grandes obras, especialmente as latino-americanas, como o documentário Mi Vida con Carlos e o nicaraguense La Yuma. Os dois dias a mais permitiram a exibição de mais filmes - foram 52 em competição e 81 exibidos em nove dias de festival. Alguns problemas de organização - como mais convidados que lugares reservados para eles - também apareceram, mas não prejudicaram o resultado final - a premiação dos favoritos.

Cena de 'Bróder', com Caio Blat, que venceu o Kikito de Melhor Ator
Cena de 'Bróder', com Caio Blat, que venceu o Kikito de Melhor Ator
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade