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Festival de Gramado 2005
Terça, 16 de agosto de 2005, 16h02  Atualizada às 16h12
Gramado começa com manifesto de Domingos de Oliveira
 
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A 33ª edição do Festival de Gramado começou na noite desta segunda-feira em clima ameno, com direito a pouco frio na Serra Gaúcha e um manifesto do diretor carioca Domingos de Oliveira. Ele abriu a competição de ficção nacional com sua comédia dramática Carreiras, um exemplar do que ele chama de B.O.A.A., ou seja, Baixo Orçamento e Alto Astral.

Há uma fina ironia no discurso do dramaturgo e cineasta. Apesar da longa carreira de 40 anos e dos prêmios para filmes como Amores (1998) e Separações (2002), Oliveira é um dos muitos diretores brasileiros que não conseguem financiamento para seus projetos dentro da já bastante esgotada via das leis de incentivo.

Entretanto, longe de desistir, ele prefere realizar os filmes possíveis - em tecnologia digital e com o mínimo de recursos, nem que sejam do próprio bolso e do de seus amigos.

"Cinema com patrocínio é bom mas, se não tiver, também tem que fazer", defendeu ele, ao apresentar seu filme, que foi rodado em oito noites e com orçamento de apenas R$ 35 mil.

Nesta terça-feira, a maratona fica mais acelerada com o início das sessões da competição latina. Depois dos dois filmes da tarde - o argentino Buenos Aires 100 km e o mexicano Um Dia sin Mexicanos -, haverá um curto intervalo antes das sessões nacionais da noite, que trazem duas ficções, Cafundó, de Paulo Betti, e Cerro do Jarau, de Beto Souza.

Haverá também uma homenagem ao mais tradicional casal das novelas brasileiras, Tarcísio Meira e Glória Menezes, que recebem o troféu Oscarito.

Encerrando a longa noitada, uma exibição fora de concurso da esperada cinebiografia da dupla Zezé di Camargo e Luciano, 2 Filhos de Francisco, estréia do diretor Breno Silveira.

Carreiras
Filmado em digital, Carreiras se foca numa única protagonista, Ana Laura, no lugar de se dispersar em várias histórias, como fez em Feminices (2004). Reforçando o manifesto B.O.A.A., Oliveira inclui intertítulos no filme, lembrando os sacrifícios da produção.

A mulher de Oliveira, a atriz Priscila Rozenbaum, interpreta Ana Laura, na pele de uma âncora de TV envolvida com intrigas profissionais e familiares.

Parece muito cedo para pensar em prêmios, mas a garra de Rozenbaum já encoraja o palpite de que será difícil tirar dela o troféu de melhor atriz.

Ela passa uma convicção comovente em vários momentos - como na cena em que fala com sua família num celular ou quando grita na rua para acordar os moradores de um prédio adormecido.

Pode-se criticar no filme algumas redundâncias - como na insistência das conversas da protagonista com seus chefes ao telefone -, mas Carreiras encerra uma honestidade em sua proposta, apesar das irregularidades.

Documentário em Cuba
O documentário da segunda-feira foi Soy Cuba - O Mamute Siberiano, no qual o carioca Vicente Ferraz reconstituiu com rigor e emoção a história do filme Soy Cuba (1964), do russo Mikhail Kalatosov.

Kalatosov, premiado com a Palma de Ouro em Cannes, em 1957, por outro trabalho, liderou o projeto de Soy Cuba, que simbolizava a aproximação de Cuba e da potência soviética naquele momento em que a Guerra Fria com os EUA estava no auge. Ou seja, mais do que um filme, era uma aliança política.

Kalatosov não economizou recursos, filmando por 14 meses em Cuba e recebendo ajuda dos governos. Quando ele solicitou milhares de soldados para reconstituir sequências da vitória da Revolução Cubana, o irmão de Fidel, Raúl Castro, imediatamente enviou-lhe nada menos de 5 mil soldados da parte oriental da ilha.

Como lembra hoje um dos técnicos da filmagem, isso significava deixar desguarnecida aquela parte do país num momento em que ela estava sob a mira dos mísseis americanos.

O cineasta brasileiro reencontra atores, técnicos, o co-roteirista Enrique Pineda Barnet, unindo as pontas da história, detalhando bastidores.

Soy Cuba, lançado em DVD este ano, circulou pouquíssimo nos cinemas na época de sua realização, foi esquecido e reabilitado recentemente pelos elogios de cineastas norte-americanos como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, que contribuíram para sua restauração.
 

Reuters

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