inclusão de arquivo javascript

Cinema

 
 

SP lança projeto para criar "Hollywood Brasileira"

06 de julho de 2006 09h37 atualizado às 10h00

Ney Latorrarca está no drama Topografia de um Desnudo, primeiro filme que o projeto inaugura. Foto: Divulgação

Ney Latorrarca está no drama Topografia de um Desnudo, primeiro filme que o projeto inaugura
Foto: Divulgação

O cinema brasileiro nunca foi referência de qualidade. No entanto, um ousado projeto idealizado por Edson Moura (PMDB-SP), prefeito da cidade de Paulínia (situada no Estado de São Paulo), pode mudar essa situação. Se for cumprido, em breve o Brasil receberá um pólo cinematográfico, com estúdios capacitados e toda a iniciativa para que os diretores nacionais e internacionais possam desenvolver seu trabalho no País.

Veja as fotos!
Assista a trailers inéditos no Brasil

Recebido com um pouco de receio pelos jornalistas e políticos, o local, que vai receber o nome de Pólo Cultural e Cinematográfico Paulínia -Magia do Cinema deve ser composto de três estúdios com objetivo de trazer produtores de todo o mundo, além de escritórios provisórios, oficinas temáticas e um Museu Nacional de Cinema, Rádio e TV.

O investimento é ousado. De acordo com a secretária municipal de Cultura, Tatiana Stefani Quintella, estima-se que R$ 100 milhões serão aplicados ao projeto, que tem o apoio financeiro da prefeitura da cidade, cuja renda per capita é a segunda maior do Estado.

Rubens Ewald Filho, crítico de cinema, é o consultor do projeto e extremamente protetor em relação a seus ideais. Defende o Pólo e acredita que ele pode realmente incentivar os diretores brasileiros a criar novas e interessantes produções.

No entanto, o clima de insegurança é bastante perceptível. Outras plantas de cinema foram erguidas e divulgadas como certas e caíram antes de serem concretizados. Apesar das dificuldades, Rubens compreende o medo e garante que desta vez, os rumos serão diferentes.

"Paulínia nunca recebeu tanto dinheiro na área de entretenimento. O interior é uma potência desaproveitada", declara.

Pesquisa e concretização
De acordo com Rubens Ewald Filho, o prefeito Edson Moura sempre teve o sonho de transformar Paulínia em uma cidade de diversão. Apesar de ser uma das cidades mais ricas do país, a maior fonte de renda vem da indústria petroquímica, que pode terminar em pouco tempo.

Financiados pela prefeitura, Tatiana Quintella e Rubens foram visitar o Festival de Cannes em 2005, onde descobriram o exemplo de Alicante, um Pólo Cinematográfico na Espanha com uma universidade e estúdios capacitados para comportar produções de cinema.

O Pólo de Paulínia não só segue essa idéia, como busca o incentivo populacional para que ela se concretize. "O que move esse projeto é paixão. As pessoas aqui são completamente envolvidas e apaixonadas", afirma Ney Latorrarca, um dos atores envolvidos no filme Topografia de um Desnudo, primeiro a ser rodado em Paulínia desde o início da proposta.

Interesses econômicos
Apesar da grande iniciativa para os produtores de cinema no Brasil, o projeto não tem apenas intenções culturais. A prefeitura de Paulínia não hesitou em dizer que todo esse Pólo vem com o motivo de diversificar a econômia e trazer empresas de todo o país, além de movimentar praças de alimentação e redes de hotéis.

O projeto também parece ter sido bastante aceito pela população. Antes das filmagens de Topografia de um Desnudo começarem, mais de mil pessoas enviaram mensagens e demonstraram seu interesse em participar. Neste meio tempo, cerca de 12 oficinas culturais foram abertas, com cursos de figurino, direção de arte, maquiagem, fotografia, entre outros.

Edson Moura também tem o povo ao seu lado: seu mandato, que termina em dois anos e meio, é aceito por 78% dos moradores da cidade. Defendendo-se sobre o medo do novo prefeito não aceitar a idéia do pólo, Tatiana garante que é a população quem manda nas idéias do governo e que sem apoio, será impossível seguir adiante com este projeto.

"Paulínia terá uma verdadeira 'film comission', dotando a cidade de estúdios, cursos, escolas, oficinas e museu para promover o cinema brasileiro". Cerca de 500 pessoas já trabalham na construção de um teatro, que também vai abrigar festivais e exibições exclusivas.

Com os escritórios e estúdios erguidos, a prefeitura vai abrir a chance de iniciativa privada e só assim haverá a certeza de que o projeto foi bem-sucedido.

Redação Terra