Ney Latorrarca está no drama Topografia de um Desnudo, primeiro filme que o projeto inaugura
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Recebido com um pouco de receio pelos jornalistas e políticos, o local, que vai receber o nome de Pólo Cultural e Cinematográfico Paulínia -Magia do Cinema deve ser composto de três estúdios com objetivo de trazer produtores de todo o mundo, além de escritórios provisórios, oficinas temáticas e um Museu Nacional de Cinema, Rádio e TV.
O investimento é ousado. De acordo com a secretária municipal de Cultura, Tatiana Stefani Quintella, estima-se que R$ 100 milhões serão aplicados ao projeto, que tem o apoio financeiro da prefeitura da cidade, cuja renda per capita é a segunda maior do Estado.
Rubens Ewald Filho, crítico de cinema, é o consultor do projeto e extremamente protetor em relação a seus ideais. Defende o Pólo e acredita que ele pode realmente incentivar os diretores brasileiros a criar novas e interessantes produções.
No entanto, o clima de insegurança é bastante perceptível. Outras plantas de cinema foram erguidas e divulgadas como certas e caíram antes de serem concretizados. Apesar das dificuldades, Rubens compreende o medo e garante que desta vez, os rumos serão diferentes.
"Paulínia nunca recebeu tanto dinheiro na área de entretenimento. O interior é uma potência desaproveitada", declara.
Pesquisa e concretização
De acordo com Rubens Ewald Filho, o prefeito Edson Moura sempre teve o sonho de transformar Paulínia em uma cidade de diversão. Apesar de ser uma das cidades mais ricas do país, a maior fonte de renda vem da indústria petroquímica, que pode terminar em pouco tempo.
Financiados pela prefeitura, Tatiana Quintella e Rubens foram visitar o Festival de Cannes em 2005, onde descobriram o exemplo de Alicante, um Pólo Cinematográfico na Espanha com uma universidade e estúdios capacitados para comportar produções de cinema.
O Pólo de Paulínia não só segue essa idéia, como busca o incentivo populacional para que ela se concretize. "O que move esse projeto é paixão. As pessoas aqui são completamente envolvidas e apaixonadas", afirma Ney Latorrarca, um dos atores envolvidos no filme Topografia de um Desnudo, primeiro a ser rodado em Paulínia desde o início da proposta.
Interesses econômicos
Apesar da grande iniciativa para os produtores de cinema no Brasil, o projeto não tem apenas intenções culturais. A prefeitura de Paulínia não hesitou em dizer que todo esse Pólo vem com o motivo de diversificar a econômia e trazer empresas de todo o país, além de movimentar praças de alimentação e redes de hotéis.
O projeto também parece ter sido bastante aceito pela população. Antes das filmagens de Topografia de um Desnudo começarem, mais de mil pessoas enviaram mensagens e demonstraram seu interesse em participar. Neste meio tempo, cerca de 12 oficinas culturais foram abertas, com cursos de figurino, direção de arte, maquiagem, fotografia, entre outros.
Edson Moura também tem o povo ao seu lado: seu mandato, que termina em dois anos e meio, é aceito por 78% dos moradores da cidade. Defendendo-se sobre o medo do novo prefeito não aceitar a idéia do pólo, Tatiana garante que é a população quem manda nas idéias do governo e que sem apoio, será impossível seguir adiante com este projeto.
"Paulínia terá uma verdadeira 'film comission', dotando a cidade de estúdios, cursos, escolas, oficinas e museu para promover o cinema brasileiro". Cerca de 500 pessoas já trabalham na construção de um teatro, que também vai abrigar festivais e exibições exclusivas.
Com os escritórios e estúdios erguidos, a prefeitura vai abrir a chance de iniciativa privada e só assim haverá a certeza de que o projeto foi bem-sucedido.
- Redação Terra