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Cinema

 
 

Deauville: chega a vez do cinema independente

04 de setembro de 2006 18h10

O Festival de Cinema americano de Deauville iniciou nesta segunda-feira sua mostra competitiva, dedicada ao jovem cinema independente, do qual o público teve uma pequena mostra com "Twelve and holding", segundo filme de Michael Cuesta, depois de um fim de semana voltado para as grandes produções de Hollywood.

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L.I.E., o primeiro longa de Cuesta, de 43 anos, já havia sido aplaudido há quatro anos em Deauville, onde recebeu o Prêmio do Júri.

Twelve and holding é um filme que conta o rito de passagem de três jovens de doze anos em um subúrbio americano: o tímido Jacob, que tem o rosto marcado por um grande sinal, a jovem e precoce Malee, de origem asiática, e o complexado Leonard, atormentado pelo excesso de peso.

Depois da morte trágica do irmão gêmeo Jacob, os três se vêem confrontados com sentimentos perturbadores, o desejo de vingança, a dor do luto, a descoberta do amor e a consciência de sua própria diferença.

"Em Hollywood, não fazer filmes com crianças é uma regra de ouro, pois se considera que ninguém vai vê-los. E se os fizermos, eles devem ter uma moral clara ou tudo ser preto ou branco. Eu quis abordar as áreas cinzentas", disse Cuesta ao apresentar seu filme durante entrevista coletiva.

"Há os que dizem que as crianças não devem ver este filme. Eu acho, ao contrário, que os pais devem levá-las e falar com elas a respeito", acrescentou.

Cuesta consegue mostrar seus personagens infantis como indivíduos de pleno direito, com suas próprias dúvidas e seus próprios medos, que são um eco daqueles dos adultos. O cineasta lança um olhar inteligente e sutil para estes seres humanos em seu processo para se tornarem adultos, sem santificações ou excessos.

Os jovens intérpretes desta excelente comédia dramática atuam com notável eqüidade, começando por Zoe Weizenbaum (Malee), cujo trabalho pode ser apreciado em "Memórias de uma Gueixa".

"Durante as filmagens, as crianças me diziam que gostavam do que estávamos fazendo, que correspondia ao que elas sentiam", acrescentou, em declarações à imprensa, afirmando que seu filme foi mal compreendido nos Estados Unidos.

"A crítica foi boa, mas a bilheteria foi outra coisa. O público americano vê este filme com uma obra sombria. Eu o considero um filme verídico, destinado tanto aos adultos quanto às crianças", acrescentou o diretor.

"Twelve and holding" teve uma excelente acolhida no festival, onde alguns críticos temiam que o fato de abrir a mostra competitiva o relegasse ao segundo plano nas considerações do júri no momento de decidir a premiação, que será anunciada no próximo domingo, após a exibição dos onze competidores.

O segundo filme na disputa, apresentado nesta segunda-feira, foi uma comédia que também fala do universo infantil, tema recorrente este ano. "Little miss Sunshine", primeiro filme de Jonathan Dayton e Valérie Faris, conta a história de uma família de "perdedores", cuja filha de sete anos participa de um concurso de beleza para meninas.

AFP
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