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Cinema

 
 

Morte de Charles Chaplin, o gênio tragicômico, faz 30 anos

25 de dezembro de 2007 08h22 atualizado às 08h32

Charles Chaplin em cena do filme 'Em Busca do Ouro' (1925). Foto: Reprodução

Charles Chaplin em cena do filme 'Em Busca do Ouro' (1925)
Foto: Reprodução

No Natal de 1977, o mundo perdeu um dos mais importantes nomes da história do cinema. Sir Charles Spencer Chaplin (16 de abril de 1889 - 25 de dezembro de 1977), o Charlie Chaplin, morreu em conseqüência de um derrame cerebral, aos 88 anos, e deixou um legado de personagens memoráveis.

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Filho de artistas, Chaplin nasceu em Walworth, Londres, vivendo nos bastidores do Music Hall, um dos mais imponentes teatros do país. O pai, Sr. Charles Chaplin, abandonou a família logo após seu nascimento. O ator e o meio-irmão mais velho, Sydney, tiveram que se mudar para a Escola Hanwell para Crianças Órfãs e Destituídas.

Como sua mãe, Hannah Harriete Fill, passava várias horas do dia trabalhando, o único momento que Chaplin tinha com a família era aos finais de semana, quando ela representava acontecimentos de seu dia horas antes do jovem artista dormir. O destino de Hannah viria a mudar quando sua estabilidade mental começou a ficar prejudicada, sendo internada em um sanatório da cidade.

O primeiro contato de Chaplin com os palcos aconteceu aos 5 anos, em 1894, quando ele se apresentou ao lado da mãe no Music Hall, encantando a platéia.

Já aos 11 anos de idade, o jovem ator conseguiu o papel do gato na peça Cinderela. Mais tarde, em 1903, ingressou no espetáculo Jim, a Romance of Cockayne, interpretando um entregador de jornal por três anos.

A chegada aos Estados Unidos aconteceu em 1912, quando Chaplin representou um palhaço em Fun Factory. Junto ao elenco da peça, o ator resolveu dividir quarto com o artista Stan Laurel, com quem gastava despesas altas para quem ganhava muito pouco no teatro.

A oportunidade no cinema veio quando o produtor Mack Sennet acompanhou a peça e o chamou para trabalhar no estúdio Keystone Film Company, onde ele faria três filmes por mês com o salário de US$ 125 por semana.

O talento de Chaplin fez com que ele se lançasse cada vez mais, criando seus próprios personagens e assumindo a direção de suas produções. Assim, em 1914, comandou e estrelou mais de 30 filmes mudos, a maioria deles do gênero comédia, com um alto teor de carga dramática.

Foi em 1915, porém, que ele representaria o papel que o fez ficar conhecido mundialmente. Com largos sapatos, calças batidas, blazer, chapéu de coco e bigode postiço, Chaplin encantou o mundo com o filme O Vagabundo. A imagem do sofisticado mendigo Carlito ficaria marcada em toda sua carreira, mesmo se desvincilhando do personagem em alguns filmes posteriores.

"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe", dizia Charles Chaplin. Foi com esse discurso, talvez, que ele estrelou seu primeiro filme com falas, O Grande Ditador, alguns anos após o advento do cinema com som.

No filme, Chaplin fez duras críticas ao nazismo e o fascismo, assim como seus principais defensores: Adolf Hitler e Mussolini. Assim, o gênio da comédia fazia piada com o que posteriormente viria a ser a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, ele disse que teria sido mais cauteloso se soubesse os horrores que o conflito traria ao mundo.

A carreira em ascensão não foi o suficiente para que Charlie Chaplin deixasse de ser perseguido pelas autoridads americanas em época de guerra. Após O Grande Ditador e o filme O Imigrante, em que denunciava o modo desumano com o que os imigrantes eram tratados nos Estados Unidos, Chaplin foi induzido ao exílio e decidiu se mudar para a Suíça com sua quarta mulher, Oona O´Neill, com quem ficou até a morte, em 1977.

Chaplin só voltou aos Estados Unidos para receber um Oscar honorário em 1972. A estatueta serviu como um pedido de desculpas ao gênio cinematográfico, esquecido por mais de duas décadas. "Este é um momento muito emocionante para mim e as palavras parecem fúteis. Só posso dizer 'obrigado' pela honra de ter sido convidado. Vocês são maravilhosos", discursou.

O descanso eterno de Charlie Chaplin ainda teria outro destino tragicômico, bem como em seus mais mirabolantes filmes. Em março de 1978, ladrões invadiram seu túmulo na Suíça para roubar o corpo e tentar extorquir dinheiro da família.

O corpo só foi encontrado pela polícia dois meses depois. Com o desfecho, a família madou fazer uma cova de concreto com quase 550kg, história mirabolante que nem o mais ambicioso de seus filmes poderia prever.

Redação Terra