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Cinema

 
 

Integridade do Globo de Ouro é atacada em filme

15 de dezembro de 2003 10h34 atualizado em 09 de janeiro de 2004 às 17h04

Na semana da revelação dos indicados para a edição 2004, o Globo de Ouro sofreu uma das maiores alfinetadas dos últimos tempos. A integridade da premiação foi atacada no documentário Hollywood's Dirty Little Secret, exibido pelo canal por assinatura americano Trio como parte de uma programação especial de fim de ano.

O trabalho questiona o clima de mistério que cerca o Hollywood Foreign Press Association, a entidade que organiza o prêmio, e relembra um escândalo de 1982, quando ficou óbvio que uma das categorias havia sido comprada.

O documentário questiona o fato de que apenas um terço da associação, que deveria congregar correspondentes estrangeiros cobrindo a indústria do cinema em Los Angeles, trabalha mesmo como jornalista em tempo integral. Entre os 96 membros, há muitos que fazem bicos variados em outras áreas e vários que são americanos. Também é questionado o método de admissão dos associados, que nunca foi revelado.

O HFPA se recusou a colaborar com a produção e instruiu, por meio de um fax, que nenhum dos membros deveria dar entrevistas para o diretor Vikram Jayanti. A associação evita qualquer tipo de contato com a imprensa desde que um programa de TV americano produziu uma reportagem que criticava o Globo de Ouro em 1996. Na época, o programa mostrou que vários dos membros não trabalham como jornalistas e revelou os presentes recebidos por correspondentes que participam dos chamados "junkets" promovidos por estúdios de cinema.

O novo documentário reforça a teoria de que os membros da entidade são, na verdade, fãs de cinema, deslumbrados com as celebridades e dispostos a ajudar os interesses dos estúdios. Como exemplo, o diretor segue uma correspondente dinamarquesa, que está tentando virar associada do HFPA, em entrevistas e eventos no qual ela se comporta como uma adolescente em um show do N'Sync. Entre os brasileiros que são parte da organização estão Ana Maria Bahiana, José Emilio Rondeau e Paoula Abou-Jaoude.

Para John Powers, crítico de cinema do L.A. Weekly (não filiado à associação), o Globo de Ouro é uma "grande comédia feita por pessoas pequenas com grandes aspirações e uma indústria disposta a usar essas pessoas a seu favor". "Apesar de serem idiotas, eles às vezes fazem melhores escolhas do que o Oscar."

Há também testemunhos de um assessor de imprensa, garantindo que Robert Redford teve a oferta de ganhar uma estatueta, caso comparecesse ao evento.

O nome do documentário, O Segredinho Sujo de Hollywood, faz referência ao fato de que a falta de integridade do prêmio é "amplamente conhecida" nos bastidores da cidade.

Segundo a jornalista Samantha Waxman, do Washington Post, todos os "jornalistas sérios" sabem a verdade sobre o evento. "Mas ninguém parece dar bola", disse ela.

O programa também relembra o escândalo envolvendo a atriz Pia Zadora, em 1982. Casada com um milionário, ela era o azarão da categoria de revelação. O esquema para "comprar" o prêmio incluiu um fim de semana em Las Vegas para os membros do HFPA, segundo reportagem publicada pela revista People.

O problema acabou causando o cancelamento da transmissão do Globo de Ouro pela rede CBS (o boicote televisivo acabou durando 14 anos). A 61ª edição do prêmio está marcada para 25 de janeiro no hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills. Os indicados ao Globo de Ouro vão ser revelados na quinta, 18.

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