Filmes sombrios concentram atenções em Sundance

Ashton Kutcher e Demi Moore viajaram até Park City, cidade situada nas montanhas a leste de Salt Lake City, no Utah, para acompanhar a pré-estréia, na noite de sábado, do novo filme do ator, The Butterfly Effect.

Ben Affleck chegou à cidade para promover um concurso de fotos digitais que sua produtora de cinema, a Project Greenlight, está patrocinando em conjunto com a Hewlett-Packard Co.

O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore compareceu à festa da rede de TV a cabo HBO. E a atriz Jane Fonda liderou um grupo de mulheres que se auto-intitulam as Guerreiras da Vagina, manifestando seu apoio a um documentário que quer pôr fim à violência contra as mulheres.

O documentário em questão, Until the Violence Stops, foi exibido em Sundance no sábado e irá ao ar no canal a cabo Lifetime Television em fevereiro. Inspirado na peça Monólogos da Vagina, de Eve Ensler, o filme registra o impacto de um movimento global que encoraja as mulheres a assumir o controle de seu próprio destino.

Segundo Jane Fonda, a vagina é usada como metáfora da condição feminina. "Concordo totalmente com Eve: se pudéssemos frear a violência contra as mulheres, tudo mudaria, porque os homens também mudariam", disse a atriz à Reuters.

Patrocinado pelo Instituto Sundance de Cinema, do ator e ativista Robert Redford, o Festival Sundance é o mais importante ponto de encontro do cinema independente nos Estados Unidos e cada ano dá a palavra a um grupo de cineastas que contam histórias que os grandes estúdios norte-americanos não se disporiam a distribuir para os cinemas.

Ashton Kutcher é conhecido principalmente por seu trabalho cômico no seriado de TV That'70's Show. Mas em Butterfly Effect ele tenta romper esse padrão, encarando um papel sério: o de um estudante universitário que sofre os efeitos de uma infância traumatizada pela pedofilia.

Courteney Cox, a Monica de Friends, também assume um papel dramático em November, filme que explora como as pessoas fazem sentido de um mundo violento e às vezes insensato.

Harry and Max, com roteiro e direção de Christopher Munch, é a história de dois irmãos - um deles ex-integrante de uma boyband e o outro seu irmão menor, que está estourando como ídolo teen - que dividem um segredo que a sociedade acharia repreensível, mas que eles superam.

O preço da popularidade
Desde meados dos anos 1990 o mercado de cinema independente vem se tornando mais comercial, à medida que as distribuidoras buscam lucros maiores.

Munch disse que em função disse ficou mais difícil para cineastas como ele, que fazem filmes não comerciais, encontrar distribuidores.

O festival Sundance vem sendo criticado pela maneira como cresceu nos últimos 20 anos, passando de simples vitrine do cinema independente para destino de empresas que buscam publicidade.

Os críticos afirmam que o festival virou pouco mais do que uma feira comercial, mas seu diretor, Geoff Gilmore, discorda, dizendo que ocorre uma troca real entre cineastas que dividem suas necessidades com as empresas que promovem seus produtos.

"Dê uma olhada nesta sala e você verá que há perguntas que estão sendo respondidas", disse Gilmore à Reuters numa reunião sobre tecnologia de wireless (sem fio) patrocinada pela Intel.

A Intel estava expondo sua nova tecnologia de wireless Centrino, que transmite filmes para PCs e home theaters e promete ampliar o mercado dos filmes independentes.

Enquanto isso, a Sony Corporation exibiu um novo projetor de home theater Qualia e uma linha de câmeras digitais cujos preços caíram de mais ou menos US$ 300 mil para entre US$ 100 mil, para o modelo mais caro, e 3.600 dólares, para o mais barato - e a linha continua a ser aperfeiçoada.

A executiva-chefe da Hewlett-Packard, Carly Fiorina, foi a Park City para promover as estações de trabalho de mídia da HP e lançar o concurso You Take Five, que oferece ao vencedor a oportunidade de fazer fotos digitais para um filme da Project Greenlight.