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Cinema

 
 

Documentários se destacam em Sundance

22 de janeiro de 2004 13h55

A seleção de documentários é um dos pontos altos desta 20ª edição do Festival de Sundance, iniciado no último dia 15. Desde o seu início, na década de 80, este tem sido um festival onde os documentários têm vez: neste ano, porém, a presença dos docs está ainda mais forte.

Além de ter sido, pela primeira vez, aberto por um documentário (Riding Giants, de Stacey Peralta, sobre surfe) o gênero conta com uma competição própria, com 16 competidores, e está presente em quase todas as mostras, abordando tanto histórias pessoais ou familiares quanto questões mais amplas, como os problemas da sociedade americana.

Em sua maioria, os filmes resgatam episódios da história americana ou procuram trazer à luz novas versões sobre fatos notórios: assim, September Tapes, de Christian Johnston, documenta o trabalho do jornalista Don Larson sobre o conflito no Afeganistão, revelando fatos ignorados pela mídia ocidental. Um exemplo é a ação dos caçadores de recompensas, que perseguem militantes talibãs por dólares.

The Control Room, de Jehane Noujaim, aborda o trabalho da mídia nos recentes conflitos americanos no Oriente Médio, lançando um olhar isento sobre a rede de TV árabe Al-Jazeera; outro destaque é Home of T00he Brave, de Paola di Florio, que resgata o assassinato pela Ku Klux Klan da ativista anti-racismo Viola Liuzzo, em 1965, no Alabama. Citizen King, de Orlando Bagwell e Noland Walker, também se volta para a História, lembrando a saga de Martin Luther King.

Problemas ainda muito presentes na sociedade americana, como o racismo, continuam a ser denunciados nas telas do Sundance. Desta forma, Let The Church Say Amen, de David Petersen, mostra as dificuldades de um grupo de religiosos negros de Washington D.C., que vão às ruas pregar contra a injustiça e a pobreza nas comunidades negras da capital dos Estados Unidos.

Há ainda uma mostra de documentários estrangeiros que reúne nove títulos, incluindo o russo Disbelief, de Andrei Nekrasov. O filme investiga um atentado ocorrido em 1999 contra um prédio de apartamentos em Moscou e atribuído a terroristas chechenos. Para a exibição do filme, narrado pela atriz Vanessa Redgrave, o diretor Nekrasov trouxe uma das sobreviventes do atentado, Alyona Morozova.

Outros festivais aproveitam a presença da mídia e das distribuidoras internacionais no Sundance para turbinar a apresentação de suas próprias seleções, normalmente mais alternativas. São os dancers, como são chamados em Park City. O principal deles é o Slamdance, que está emplacando a sua 10ª edição e já caminha com os próprios pés.

Na edição deste ano, o Slam também valoriza os documentários. Dos 25 longas que estão sendo mostrados, sete são do gênero. Consta ainda de sua programação o longa-metragem animado Hair High, do ótimo Bill Plympton.

Também já estão por aqui o Digidance, o Son of Dance e o No Dance. Seus filmes são para lá de independentes: todos foram realizados com baixíssimo orçamento, têm elenco familiar e apresentam problemas no som e efeitos especiais zero. Mas sobra criatividade, mesmo na hora de divulgar. Vale tudo, inclusive cartazes em banheiros e lavatórios.

Jornal do Brasil
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